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    Rússia diz ter provas de que Turquia se beneficia do petróleo do EI

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    02/12/2015 12h09 - Atualizado às 16h07

    Vladimir Kondrashov/Associated Press
    Russian top military officials speak to the media in front of an aerial images they say are oil trucks near Turkey's border with Syria displayed by the Russian Defense Ministry at a briefing in Moscow, Russia, Wednesday, Dec. 2, 2015. The Russian Defense Ministry invited dozens of foreign military attaches and hundreds of journalists to reveal what they said were satellite and aerial images of thousands of oil trucks streaming from the IS-controlled deposits in Syria and Iraq into Turkish sea ports and refineries. Russian Deputy Defense Minister Anatoly Antonov accused Turkish President Recep Tayyip Erdogan and his family of personally profiting from the oil trade with the IS. (AP Photo/Vladimir Kondrashov) ORG XMIT: XAZ105
    Militares russos apresentam imagens aéreas como supostas provas de ligação entre Turquia e EI

    O vice-ministro da Defesa da Rússia, Anatoly Antonov, disse nesta quarta-feira (2) ter provas de que o presidente da Turquia, Tayyip Erdogan, e sua família se beneficiam pessoalmente do comércio ilegal de petróleo dos militantes do Estado Islâmico (EI). O líder turco negou as acusações.

    Moscou e Ancara, que têm grandes vínculos econômicos, estão presos em uma guerra de palavras desde que, na semana passada, um jato da Força Aérea turca derrubou um caça russo perto da fronteira entre a Turquia e a Síria, o incidente mais sério entre a Rússia e um país-membro da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) em meio século.

    Veja vídeo

    Avião russo é abatido e cai na Síria

    Na sede do Ministério da Defesa, Antonov e seus colegas mostraram a dezenas de adidos de Defesa estrangeiros baseados em Moscou e a centenas de repórteres algumas imagens de satélite que supostamente mostram o EI transportando petróleo para a Turquia.

    Nas imagens é possível ver colunas de caminhões-tanque com petróleo em instalações controladas pelo EI na Síria e no Iraque, e então cruzando a fronteira para a Turquia.

    "A Turquia é o principal consumidor do petróleo roubado de seus donos por direito, a Síria e o Iraque. De acordo com informações que recebemos, a liderança política do país —o presidente Erdogan e sua família— estão envolvidos em esse negócio criminoso", disse Antonov.

    "Talvez esteja sendo muito rude, mas alguém só pode confiar o controle de seu negócio ilegal para um de seus sócios mais chegados", disse.

    As autoridades russas, porém, não especificaram quais provas diretas teriam do envolvimento de Erdogan e sua família, uma alegação que o líder negou com veemência.

    O presidente da Turquia classificou de "calúnia" a acusação russa e afirmou que "aqueles que fazem essas acusações falsas têm a obrigação de prová-las".

    Na terça-feira (1), Erdogan afirmou que renunciaria se as acusações contra a Turquia fossem comprovadas. Em visita ao Qatar, ele repetiu a afirmação nesta quarta.

    "Sabemos o valor das palavras de Erdogan", disse Antonov nesta quarta. "Líderes turcos não renunciarão e não reconhecerão nada mesmo que seus rostos estejam besuntados de petróleo roubado."

    De acordo com Antonov, os militantes do EI arrecadam US$ 2 bilhões por ano com o comércio ilegal de petróleo.

    A Rússia afirma que a companha aérea que começou em 30 de setembro vem prejudicando a habilidade do EI de produzir, refinar e vender petróleo.

    Guerra de versões

    "No Ocidente, ninguém pergunta sobre o fato de o filho do presidente turco liderar uma grande companhia de energia e que foi nomeado ministro da Energia. Que maravilho negócio familiar!"

    "O cinismo da liderança turca não tem limites. Observe o que estão fazendo. Eles entram nos países de outras pessoas, as roubam sem remorso", disse.

    Além disso, o ministério afirmou que as mesmas redes criminosas que estão contrabandeando petróleo das áreas controladas pelo EI para a Turquia também fornecem armas, equipamentos e treinamento para a facção terrorista.

    Na semana passada, Erdogan negou que a Turquia busque petróleo de fontes não legítimas.

    Ele também afirmou que Ancara vem adotando passos ativos para evitar o contrabando de petróleo.

    POSSIBILIDADE DE ENCONTRO

    No Chipre, o chanceler russo, Serguei Lavrov, disse que concordaria em se encontrar com seu homólogo turco, Mevlut Cavusoglu, nesta semana para ouvir as explicações turcas sobre a derrubada do avião.

    O encontro, que ocorreria às margens da cúpula de ministros de Relações Exteriores da Organização para Segurança e Cooperação na Europa em Belgrado, capital da Sérvia, poderia fornecer alguma forma de diminuir as tensões.

    A Turquia rejeita pedir desculpas pelo incidente com o argumento de que o caça russo violou seu espaço aéreo numerosas vezes apesar de vários alertas terem sido dados aos pilotos russos.

    Um dos pilotos morreu no momento em que caía de paraquedas depois de ejetar-se do avião, enquanto o outro foi resgatado em território sírio após uma operação conjunta das forças especiais russas e síria.

    Um marine russo também morreu em uma das operações de resgate.

    A Rússia acusa a Turquia de ter derrubado o jato para proteger o que o presidente russo, Vladimir Putin, descreveu como uma forma de a Turquia lucrar com o comércio de petróleo do EI.

    A Rússia impôs sanções contra os produtos turcos em retaliação ao incidente.

    Lavrov disse que o objetivo de seu país é assegurar que o "fluxo" de ameaças terroristas na Turquia não encontrem um caminho em direção à Rússia.

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