A oito dias de sua posse, o presidente eleito da Argentina, Mauricio Macri, ainda não sabe como será a cerimônia de troca de comando no país.
Nesta quarta (2), Macri disse que pretende recuperar a tradição de receber a faixa presidencial na Casa Rosada. Néstor e Cristina Kirchner foram empossados no Congresso e os kirchneristas resistem em mudar o ritual. Isso provocou um impasse entre a atual e o novo presidente do país.
Enrique Marcarian/Reuters | ||
Presidente eleito da Argentina, Mauricio Macri, cumprimenta partidários após apresentar gabinete |
"Nossa posição é clara, pensamos que a cerimônia tem que retomar o protocolo histórico", disse Macri.
Raúl Alfonsín (1983-89), Carlos Menem (1989-99) e Fernando de la Rúa (1999-2001) fizeram o juramento no Congresso, desfilaram pela Avenida de Maio e foram recebidos pelos presidentes que deixaram o cargo na Casa Rosada.
"Estamos conversando, mas até agora não nos entenderam. Espero e confio que a presidenta vai entender que essa é a cerimônia histórica e que temos que recuperá-la."
INFLAÇÃO
Em evento nesta quarta-feira (2), onde apresentou seu gabinete ministerial, Macri disse que sua primeira meta como presidente será reduzir a inflação, que gira ao redor de 25% ao ano. O objetivo é chegar a inflação de um dígito "em um par de anos", disse o novo presidente.
Funcionários do governo de Cristina admitiram que, nos últimos dias, foram registrados aumentos de até 20% em produtos básicos, como pão e carnes de frango e de porco, mas atribuem a alta à especulação de comerciantes com uma eventual desvalorização do peso que seria provocada por Macri. O eleito nega que tenha intenção de desvalorizar a moeda.
"O que estamos vendo, lamentavelmente, é um fim de governo cuja incapacidade de gestão vai se materializando cada vez com mais claridade. Aparecem dívidas, novos gastos e nomeações todos os dias. Isso explica a inflação que temos", disse.
Macri se queixou de um decreto assinado por Cristina nesta semana, a poucos dias do fim do seu governo e que aumenta os repasses da Nação para as províncias. A medida obedece decisão da Suprema Corte, da semana passada, e prevê a retirada de recursos da previdência social.
O futuro presidente, porém, disse que Cristina estendeu uma decisão que valia para três províncias a todas, aumentando propositalmente os repasses.
"Dá a sensação de que a ideia é seguir criando travas e problemas ao próximo governo. É triste a escolha da presidente, porque em vez de sair pela porta da frente, sai pela porta dos fundos e não quer contribuir com o nosso país."
Macri disse ainda que, entre os pedidos que fez aos novos ministros, está a honestidade.
"Vou ser muito exigente e não terei nenhum tipo de tolerância com problemas que tenham a ver com atitudes pessoais. Não haverá impunidade ou exceções para ninguém, todos têm que cumprir a lei", disse Macri.
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