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    conferência do clima em paris

    Coletivo critica 'hipocrisia' da COP21 com falsos anúncios

    JOANA CUNHA
    EM PARIS

    03/12/2015 02h00

    Os espaços reservados a anúncios nos pontos de ônibus de Paris, usualmente ocupados por peças do champanhe Veuve Clicquot ou modelos da Dior, foram invadidos por falsas propagandas instaladas por um coletivo de artistas na última sexta (27).

    A ação foi realizada pelo grupo de ativistas Brandalism (nome que faz referência às palavras "marca" e "vandalismo", em inglês), em protesto contra o que o coletivo considera a hipocrisia que envolve a conferência do clima.

    Entre as 600 obras instaladas pelos artistas, há paródias de anúncios de apoiadoras da COP21, como a Air France. Com identidade visual similar à da companhia aérea, o Brandalism diz: "Estamos patrocinando a conferência do clima para parecer que somos parte da solução e para garantir que nossos lucros não sejam afetados. Air France, parte do problema".

    Em outra falsa propaganda, que imita os anúncios da Volkswagen, o coletivo afirma: "Agora que fomos descobertos, estamos tentando fazer você pensar que nos preocupamos com o ambiente", em referência ao recente escândalo de fraude em testes de poluição da montadora.

    Benoit Tessier/Reuters
    Pôster usado em protesto do Brandalism mostra premiê japonês, Shinzo Abe, com chaminés na cabeça
    Pôster usado em protesto do Brandalism mostra premiê japonês, Shinzo Abe, com chaminés na cabeça

    Também foram criadas imagens de pessoas com máscaras de oxigênio num ambiente totalmente poluído e críticas a autoridades como os presidentes François Hollande e Barack Obama. Numa delas, o premiê japonês, Shinzo Abe, solta fumaça suja por chaminés na sua cabeça.

    Em nota, o Brandalism diz que grande parte das conversas oficiais sobre o clima é marketing e afirma que as grandes companhias continuam livres para disfarçar seus negócios danosos, mas as comunidades diretamente afetadas foram silenciadas.

    O coletivo diz ainda que o protesto nos espaços publicitários foi uma opção ao veto do governo francês às manifestações de massa, para evitar multidões, desde os ataques que mataram ao menos 130 em Paris no dia 13 de novembro.

    "Após os trágicos acontecimentos de 13 de novembro, o governo escolheu banir as grandes mobilizações da sociedade civil, mas permitiu que os grandes eventos de negócios continuassem", diz o grupo.

    "Convocamos as pessoas a saírem às ruas durante a COP21 para confrontar a indústria de combustíveis fósseis. Não podemos permitir que as negociações sobre o clima fiquem nas mãos de políticos e lobistas que criaram toda a desordem atual", prosseguem os ativitas em seu comunicado.

    Neste domingo (29), outro grupo de ativistas deixou um mar de sapatos na praça da República, para simbolizar os manifestantes proibidos de ocuparem o local. No mesmo dia, forças de segurança francesas usaram gás lacrimogêneo contra quem tentava protestar.

    Entre os cerca de 80 artistas de quase 20 países que participam da atual ocupação dos anúncios publicitários em Paris, há nomes de colaboradores de Banksy, que criou o falso parque temático anticapitalista no Reino Unido neste ano.

    Parte das obras foi removida pela companhia de outdoors francesa, mas ainda restam algumas peças espalhadas pela cidade.

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