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    Governos pressionam Maduro por lisura em eleição

    SAMY ADGHIRNI
    DE CARACAS

    04/12/2015 02h00 - Atualizado às 14h58 Erramos: esse conteúdo foi alterado

    Nos últimos dias antes da eleição parlamentar do próximo domingo na Venezuela, aumenta a pressão para que o governo do presidente Nicolás Maduro permita disputa justa e cesse a escalada incendiária que já resultou na morte de um opositor.

    Apelos de governos e organizações internacionais respondem a ameaças de Maduro de resistir a eventual derrota governista e a atos hostis contra comícios antichavistas, além da preocupação com o uso da máquina pública contra a oposição e a falta de observação eficaz.

    Nesta quinta (3), a Espanha cobrou que Caracas "garanta que as eleições serão limpas, justas e transparentes". EUA, Reino Unido, a Organização dos Estados Americanos (OEA) e o Conselho de Direitos Humanos da ONU tinham feito apelo similar.

    Divulgação, 26.nov.2015/Efe
    O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, que vem sendo pressionado a manter lisura de eleições
    O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, que vem sendo pressionado a manter lisura de eleições

    Com uma inabitual nota prévia, o Itamaraty pediu nesta quinta que o "pleito se desenvolva dentro do marco da democracia, da transparência e da participação plena de toda a cidadania".

    Disse ainda que o Brasil acompanhará "com atenção a etapa final da campanha, a realização e a apuração das eleições" para as 167 cadeiras do Parlamento unicameral.

    A nota sucede duas outras manifestações de preocupação brasileira: um comunicado cobrando investigação e punição dos assassinos de Luis Manuel Díaz, dirigente opositor morto a tiros na semana passada num comício no interior; e uma carta da presidente Dilma Rousseff entregue a Maduro pelo emissário Marco Aurélio Garcia.

    PREOCUPAÇÕES DE DILMA

    Segundo a Folha apurou, Dilma listou com clareza os temas mais incômodos, como o estado de exceção que inibe campanhas opositoras na área fronteiriça com a Colômbia e a promessa de Maduro de ganhar "como seja".

    Até a questão dos opositores presos, tabu entre aliados da Venezuela, foi abordada de forma indireta.

    Num dos gestos de desagravo mais estridentes a Maduro, o presidente do Paraguai, Horacio Cartes, recebeu na quarta-feira (2) Lilian Tintori, mulher do opositor venezuelano Leopoldo López, preso há um ano e meio sob acusação de instigar violentos protestos antigoverno.

    Ícone da oposição radical, Tintori nunca fora recebida por chefe de Estado no cargo.

    O encontro foi visto como aviso, já que o Paraguai receberá, no dia 21, a cúpula do Mercosul na qual o recém-eleito presidente argentino, Mauricio Macri, promete pedir a suspensão de Caracas alegando violação da cláusula democrática do bloco.

    Até hoje, o Paraguai foi o único país contra o qual a sanção foi aplicada. Assunção foi momentaneamente suspensa em 2012 em retaliação ao controverso impeachment do então presidente paraguaio, Fernando Lugo.

    A pressão, porém, não parece surtir efeito, já que a retórica governista se acirra.

    "O governo venezuelano está preocupado com a situação interna, não com a opinião do mundo", diz um diplomata estrangeiro.

    Mas a analista Elza Cardoso prevê dificuldades. "Se houver desfecho caótico, a Venezuela ficará ainda mais isolada e terá de encarar o custo cada vez mais alto de zombar das normas internacionais e nacionais."

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