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    Novo governo argentino recua de pedir suspensão da Venezuela do Mercosul

    MARIANA CARNEIRO
    DE BUENOS AIRES

    07/12/2015 16h48 - Atualizado às 18h00

    A futura chanceler da Argentina, Susana Malcorra, disse indicou nesta segunda (7) que o país deverá voltar atrás no pedido de punição contra a Venezuela no âmbito do Mercosul.

    Em entrevista à rádio Mitre, ela afirmou que, para acionar a cláusula democrática, que poderia acarretar na suspensão da Venezuela do bloco, são necessários "fatos concretos", e que a Argentina esperava para ver a reação de Nicolás Maduro às eleições legislativas do último domingo (6).

    Paulo Whitaker - 4.dez.2015/Reuters
    O presidente eleito da Argentina, Mauricio Macri, na avenida Paulista, em São Paulo
    O presidente eleito da Argentina, Mauricio Macri, na avenida Paulista, em São Paulo

    "Hoje podemos dizer que as eleições [venezuelanas] transcorreram dentro do marco democrático, tudo indica que os resultados foram aceitos pelo presidente [Nicolás] Maduro. Temos que ver como isso tudo vai terminar, mas nada indica que haja uma razão para acionar a cláusula democrática", afirmou Malcorra.

    "A reunião do Mercosul [marcada para o dia 21 de dezembro, em Assunção, no Paraguai] será uma oportunidade para tratar deste assunto, ainda não tive a oportunidade de conversar com todos colegas da região após a eleição [na Venezuela], mas acredito que o que temos que fazer neste momento é felicitar o povo venezuelano e reconhecer que o governo fez um gesto muito, muito claro de aceitar o resultado das eleições".

    O tema era um ponto de divergência entre Macri e Dilma Rousseff, uma vez que o governo do Brasil vem mantendo silêncio sobre as prisões de políticos opositores no país.

    Macri e Dilma chegaram a tratar do assunto em encontro em Brasília, na semana passada. Mas antes de chegar ao Brasil, Malcorra já havia indicado que era importante verificar como ocorreriam as eleições na Venezuela e se o resultado seria acatado pelo governo.

    A chanceler disse ainda que os embaixadores de Brasil, Chile e Espanha serão designados nas "próximas horas ou dias" e que a nova política exterior argentina será mais pragmática e menos ideológica.

    Um exemplo é uma relação distinta com os EUA, cujo tratamento foi desgastado durante o kirchnerismo, que optou pelo enfrentamento com Washington.

    "A relação com os EUA, sem dúvidas, será muito fluida. É o maior país número 1 em termos de poder econômico e posicionamento estratégico, então negar uma relação com os EUA seria perder uma enorme oportunidade", disse.

    "O presidente [Barack] Obama telefonou ao presidente eleito, tiveram uma boa conversa inicial e eu recebi indicações de que, antes de deixar o mandato, o presidente Obama quer visitar a Argentina", disse.

    Sobre a aproximação da Argentina com o Irã, que havia se intensificado na gestão de Cristina, sobretudo após o pacto de 2013, para investigar o atentado à bomba em Buenos Aires, em 1994, Malcorra evitou dar detalhes. Após a eleição, Macri afirmou que cancelaria o tratado, pois não havia "ajudado a unir os argentinos".

    "O presidente deu indicações claras sobre o que acredita [sobre o Irã] e eu tenho que instrumentalizar sua decisão. Ainda não estou em condições de dizer mais do que isso", afirmou.

    Editoria de Arte/Folhapress
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