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    'Resultado democrático se respeita', diz Dilma sobre eleições na Venezuela

    FLÁVIA FOREQUE
    DE BRASÍLIA

    07/12/2015 18h03 - Atualizado às 18h46

    A presidente Dilma Rousseff comentou, nesta segunda-feira (7), a eleição parlamentar na Venezuela, conquistada majoritariamente por políticos opositores ao governo de Nicolás Maduro.

    "Se respeita o resultado democrático", disse a presidente ao ser questionada pela imprensa, no Palácio do Planalto.

    O vizinho foi um dos temas principais na pauta do encontro entre Dilma e o presidente eleito da Argentina, Mauricio Macri.

    Em conversa com jornalistas, o argentino afirmou que os dois países têm preocupação com a situação da Venezuela, mas "cada um manifesta da sua maneira".

    POLARIZAÇÃO

    O Brasil espera que a vitória da coalizão MUD (Mesa da Unidade Democrática) nas eleições permita um diálogo mais efetivo entre a oposição e o governo e que não sirva de pretexto para reações inflamadas de um lado ou de outro.

    "Claro que essa preocupação [de golpe] existe, tanto da parte do governo quanto da oposição", reconhece uma fonte do governo diante da polarização na política do país vizinho.

    De um lado, cabe ao governo controlar eventuais reações violentas no país, inclusive dos chamados "coletivos", grupos armados ligados a setores mais radicais do aparato governista.

    De outro, a oposição agora vitoriosa precisa ter cautela e não adotar uma "retórica incendiária", o que poderia servir de pretexto para novos conflitos.

    "O governo tem mais potencial para violência [por ter controle das forças de segurança]. Mas é mais difícil saber ganhar que saber perder", avalia uma fonte do governo.

    De toda forma, a avaliação é que, até o momento, o governo chavista adotou uma posição adequada. Maduro reconheceu a derrota após a divulgação dos resultados: "Perdemos a batalha, foi uma bofetada para despertar para o que vem", disse.

    "Vai ser importante ver nos próximos dias como os dois lados vão se comportar", afirma um interlocutor.

    Na visão da diplomacia brasileira, o resultado do pleito traz credibilidade à região e ao vizinho, criticado por falta de transparência e abusos na condução do processo.

    Para assessores, não cabe um posicionamento solidário do Brasil diante da derrota de Nicolás Maduro. O que está em estudo é uma manifestação pública de satisfação pela forma como se deu a eleição.

    Segundo fontes do governo, o resultado, entretanto, não terá impacto imediato na economia do país vizinho, que enfrenta um cenário de crise e tem histórico de pouca transparência na divulgação de dados nacionais.

    A avaliação é a de que a economia precisa passar por "grandes ajustes" –mas isso implicaria em resultados "custosos sob o ponto de vista político".

    ITAMARATY

    Em nota, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil informou que o governo acompanhou de perto as eleições e parabenizou "o povo, as forças políticas e as autoridades venezuelanas" pela forma ordeira e pacífica em que transcorreu o pleito.

    "A normalidade do processo, tal como atestado pelas diferentes missões de acompanhamento eleitoral, entre as quais a da Unasul, o alto nível de comparecimento dos eleitores e o reconhecimento dos resultados por todas as partes constituem uma vitória expressiva da democracia para a Venezuela e para a região", afirma a nota do Itamaraty.

    A nota diz ainda que o governo brasileiro ressalta a "importância do pleno respeito à vontade popular expressa nas urnas" e reitera sua disposição de continuar trabalhando para o "diálogo, a estabilidade democrática, o desenvolvimento e a prosperidade daquele país vizinho e amigo, sócio no Mercosul".

    Editoria de Arte/Folhapress

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