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    conferência do clima em paris

    Mato Grosso estabelece meta de zerar desmatamento ilegal até 2020

    MARCELO LEITE
    LEANDRO COLON
    ENVIADOS ESPECIAIS A PARIS

    07/12/2015 23h12

    O governo de Mato Grosso anunciou nesta segunda (7), em Paris, um plano ousado para diminuir as emissões de carbono do Estado. A meta que mais chamou a atenção foi a de desmatamento: zerar derrubadas ilegais até 2020.

    O objetivo é mais ambicioso que a proposta do governo federal na COP21, que fala em acabar com o desmate ilegal apenas em 2030. E o custo do plano de MT é salgado: US$ 10 bilhões (R$ 39 bilhões) ao longo de 15 anos.

    José Medeiros /GCom-MT
    O governador de Mato Grosso, Pedro Taques, assina o compromisso durante a conferência em Paris
    O governador de Mato Grosso, Pedro Taques, assina o compromisso durante a conferência em Paris

    "Só com dinheiro do Estado não vamos conseguir. Precisamos do setor privado", diz o governador Pedro Taques.

    Taques, do PSDB, afirma que a devastação cairá no Estado mesmo sem investimentos privados, ainda que não na proporção esperada. "Só comando e controle [fiscalização] não dá", diz ele.

    Mato Grosso teve uma das altas mais acentuadas no deflorestamento em 2014-15. Na Amazônia legal, a taxa de aumento foi de 16% (para 5.831 km², mais que o triplo da área do município de São Paulo), enquanto no Estado o salto foi de 40% (para 1.508 km²).

    Antes do salto, porém, MT derrubara a taxa de destruição de 11 mil km²/ano para cerca de 1.000. Ocorreu o mesmo em quase toda a Amazônia (queda de cerca de 80%).

    Na apresentação dos dados oficiais do desmate, em novembro, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, culpou os governos estaduais pela piora do indicador.

    Em Paris, a ministra firmou um "Compromisso pelo Desmatamento Ilegal Zero" com Acre e Mato Grosso. E disse que MT tem a "responsabilidade nacional e global, como produtor de alimentos, de aliar produção e proteção".

    O plano de Taques, elaborado com a participação de ONGs e associações do agronegócio, não se limita a desmatamento. A meta geral é cortar emissões do Estado em total equivalente a 6 bilhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2), até 2030, o mesmo que quatro anos de emissões de todos os setores da economia brasileira.

    Para isso, além de reduzir o desmate em 90% na floresta amazônica e 95% no cerrado, a promessa é compensar donos de terras para não derrubarem 10 mil km² que poderiam desmatar legalmente, assim como recuperar 20 mil km² de áreas de preservação permanente que precisam, por lei, ser restauradas.

    Pelo menos R$ 5,8 bilhões seriam necessários só para fiscalizar e garantir o cumprimento do novo Código Florestal, como a inclusão de todas as propriedades no Cadastro Ambiental Rural (CAR).

    Ao cadastrar sua fazenda, o dono informa o que nela é área de produção, de reserva legal e de preservação permanente. Em MT, 77% das propriedades já estão no CAR.

    Segundo Taques, só 8% do desmatamento no Estado é legal. O CAR tornará possível detectar com precisão quem desmatou e se o fez legalmente. Ou seja, em pouco tempo será possível verificar se o governo de MT leva a sério as promessas de Paris, com ou sem investimento privado.

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