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    Brics lideram fluxo internacional de dinheiro ilegal, diz estudo

    THAIS BILENKY
    DE NOVA YORK

    09/12/2015 10h00

    Xie Huanchi/ - 9.jul.2015/Xinhua
    Os presidentes Dilma Rousseff e Vladimir Putin no encontro dos Brics em Ufá, na Rússia, em julho
    Os presidentes Dilma Rousseff e Vladimir Putin no encontro dos Brics em Ufá, na Rússia, em julho

    Países em desenvolvimento e emergentes movimentaram US$ 7,8 trilhões de origem ilícita entre 2004 e 2013, e o Brasil foi a sexta nação que mais contribuiu com o fluxo.

    O levantamento foi tornado público nesta terça-feira (8) pelo Global Financial Integrity (GFI), centro de pesquisas dos EUA.

    O Brasil movimentou, em média, US$ 22,67 bilhões ilegais por ano, segundo a estimativa do GFI. Os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) estão entre os sete principais emissores de recursos ilícitos, ao lado da Malásia (veja lista completa abaixo).

    A China teve o maior montante registrado, US$ 139,23 bilhões anuais, seguida da Rússia, com US$ 104,98 bilhões.

    O levantamento indica que o montante aumentou ao longo da década estudada. Em 2003, o fluxo ilícito total foi de US$ 456,3 bilhões. Em 2013, subiu para US$ 1,1 trilhão.

    Os fluxos financeiros ilícitos são, na definição do GFI, "a movimentação de um país a outro de dinheiro ou capital ganho, transferido e/ou utilizado".

    Como exemplo, o centro cita cartéis de drogas que usam dinheiro oriundo de esquema de lavagem, sonegação fiscal e esquemas de organizações terroristas.

    PREJUÍZOS

    "O estudo indica que, claramente, os fluxos financeiros ilícitos são o problema mais grave a prejudicar as economias emergentes e em desenvolvimento", afirmou o presidente do instituo, Raymond Baker.

    Na média, a movimentação corresponde a 4% do PIB (Produto Interno Bruto) dos países em desenvolvimento. Mas, em algumas regiões, a parcela é superior.

    Na África subsaariana, o montante representa 6,1%; em países europeus em desenvolvimento, 5,9%.

    Em sete dos dez anos de estudo, o fluxo financeiro ilegal superou o investimento internacional total em países pobres.

    O GFI observa que, apesar de os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, da ONU, incluírem a redução do fluxo de recursos ilícitos, a comunidade internacional ainda não chegou a um acordo quanto aos indicadores
    para medir eventuais progressos e retrocessos.

    Os indicadores não estarão em uso antes de março de 2016, e o centro defende que o FMI (Fundo Monetário Internacional) conduza as medições.

    O GFI recomenda, entre outras, medidas de ampliação da transparência dos governos e controle mais rígido dos bancos sobre os verdadeiros beneficiários de contas abertas.

    RANKING

    Veja abaixo a lista das 20 economias em desenvolvimento que mais contribuíram para o fluxo de recursos ilícitos entre 2004 e 2013 e montante total exportado pelo país no período, segundo o Global Financial Integrity.

    1. China - US$ 1,39 trilhão

    2. Rússia - US$ 1,05 trilhão

    3. México - US$ 528,44 bilhões

    4. Índia - US$ 510,29 bilhões

    5. Malásia - US$ 418,54 bilhões

    6. Brasil - US$ 226,67 bilhões

    7. África do Sul - US$ 209,22 bilhões

    8. Tailândia - US$ 191,77 bilhões

    9. Indonésia - US$ 180,71 bilhões

    10. Nigéria - US$ 178,04 bilhões

    11. Cazaquistão - US$ 167,4 bilhões

    12. Turquia - US$ 154,5 bilhões

    13. Venezuela - US$ 123,94 bilhões

    14. Ucrânia- US$ 116,76 bilhões

    15. Costa Rica - US$ 113,46 bilhões

    16. Iraque - US$ 105,01 bilhões

    17. Azerbaijão - US$ 95 bilhões

    18. Vietnã - US$ 92,94 bilhões

    19. Filipinas - US$ 90,25 bilhões

    20. Polônia - US$ 90,02 bilhões

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