• Mundo

    Sunday, 05-May-2024 17:32:49 -03

    Muçulmanos fizeram pelos EUA muito mais do que Trump fez pela terra natal

    STUART JEFFRIES
    DO "THE GUARDIAN"

    10/12/2015 07h00

    O que os muçulmanos já fizeram pelos Estados Unidos?

    Se a sua única fonte de informação for Donald Trump, a resposta mais provável seria "não muito" –a não ser assassinar cidadãos norte-americanos e tentar destruir os valores do país.

    O aspirante à candidatura presidencial do Partido Republicano pediu que os muçulmanos sejam impedidos de entrar nos Estados Unidos até que as autoridades do país "consigam entender" as atitudes muçulmanas para com o país, depois dos homicídios da semana passada em San Bernardino.

    É divertido imaginar que a Escócia bem poderia assumir a mesma posição com relação a Trump antes de autorizar que ele macule Aberdeenshire com mais um de seus clubes de golfe.

    PacificCoastNews - 7.mai.2013/Honopix
    07/06/13 - **ATENÃÃO EDITOR: FOTO EMBARGADA PARA AGÊNCIAS INTERNACIONAIS** Ivanka Trump, seu marido Jared Kushner e Donald Trump visitam o seu segundo campo de golfe localizado na propriedade Menie em Aberdeenshire, na Escócia, onde os moradores locais acusaram Trump de bullying, seguindo as alegações de que o bilionário intimidou moradores locais durante a construção do campo. Foto: PacificCoastNews/Honopix ORG XMIT: RESTRICTIONS APPLY - SEE CAPTION *** PARCEIRO FOLHAPRESS - FOTO COM CUSTO EXTRA E CRÉDITOS OBRIGATÓRIOS ***
    Donald Trump em um de seus campos de golfe em Aberdeenshire (Escócia)

    O que Trump não parece compreender é a história de seu país e o grande número de realizações norte-americanas dignas de comemoração que se devem ao tipo de pessoa –os muçulmanos– cuja entrada ele deseja impedir.

    Leia abaixo um guia sobre algumas das coisas que os muçulmanos já fizeram pelos Estados Unidos. Não se trata de uma lista completa –mas ainda assim impressiona muito mais do que qualquer coisa que Trump tenha feito por sua terra natal.

    CRIANDO O PAÍS

    Os muçulmanos foram parte dos Estados Unidos desde o começo.

    Entre os comandados do líder do Exército continental, general George Washington, na guerra contra o colonialismo britânico estava Bampett Muhammad –um árabe do norte da África que foi soldado de um regimento de infantaria de linha da Virgínia entre 1775 e 1783.

    Há quem afirme que Peter Buckminster, que disparou o tiro responsável pela morte do general britânico John Pitcairn na batalha de Bunker Hill e mais tarde serviu também nas batalhas de Saratoga e Stony Point, era muçulmano.

    Não se sabe ao certo se isso é verdade; a base da afirmação é que mais tarde Buckminster mudou seu sobrenome para Salem ou Salaam, a palavra árabe para "paz".

    Mas fica claro que Washington, que se tornaria o primeiro presidente dos Estados Unidos, não tinha problemas quanto a muçulmanos servirem em seu Exército.

    Ao conferir a esses muçulmanos a honra de servir aos Estados Unidos, Washington deixou claro que uma pessoa não precisava ter uma dada religião ou origem étnica para ser patriota.

    Trump parece interessado em derrubar esse venerável princípio norte-americano.

    O reino do Marrocos, majoritariamente muçulmano, aliás, foi o primeiro país a conferir reconhecimento diplomático aos Estados Unidos.

    Em 1786, os dois países assinaram um tratado de paz e amizade que ainda perdura –é o mais longo tratado desse tipo a se manter inviolado na história.

    CONSTRUINDO CIDADES

    Os Estados Unidos não teriam a aparência que têm se não fosse por um muçulmano, Fazlur Rahman Khan.

    Nascido em Dacca, Bangladesh, e naturalizado norte-americano, Khan era conhecido como "o Einstein da engenharia estrutural".

    Ele foi pioneiro de um novo sistema estrutural de tubos rígidos que revolucionou a construção de arranha-céus.

    O sistema consistia, como ele um dia descreveu, de "três, quatro ou possivelmente mais estruturas escoradas, ou paredes de cisalhamento, unidas pelas bordas, ou perto delas, para formar um sistema estrutural semelhante a um tubo, capaz de resistir a forças laterais em qualquer direção, por meio de um cantiléver vindo das fundações".

    O resultado foi uma nova geração de arranha-céus que reduziam o volume de aço necessário para a construção e mudou a paisagem das cidades dos Estados Unidos.

    Terroristas islâmicos podem ter explodido o World Trade Center, mas, sem a inovação criada por Khan, as torres gêmeas provavelmente nem poderiam ter sido erguidas.

    E o mesmo se aplica à John Hancock Tower, com sua distintiva estrutura externa de apoio em X (desenvolvida por Khan), e à torre Sears (também tornada possível por uma variação do conceito de estrutura tubular de Khan), ambas em Chicago.

    A Sears Tower foi por quase 25 anos, a partir de 1973, o edifício mais alto do planeta, com 108 andares e 442 metros.

    Khan morreu em 1982, mas suas inovações se provaram cruciais para futuros arranha-céus –entre os quais o Trump International Hotel and Tower, inaugurado em Chicago em 2009.

    Scott Olson - 12.out.2015/Getty Images/AFP
    Manifestantes protestam contra Donald Trump em frente à Torre Trump, em Chicago
    Manifestantes protestam contra Donald Trump em frente à Torre Trump, em Chicago

    Entre outros projetos nos quais Khan serviu como engenheiro estrutural está o US Bank Centre, em Milwaukee, e o Hubert H. Humphrey Metrodrome, em Minneapolis.

    Ele também trabalhou no projeto da Academia da Força Aérea no Colorado, onde os oficiais de aviação dos Estados Unidos são treinados.

    Seria possível afirmar que, se não fosse por esse muçulmano, a Força Aérea dos Estados Unidos talvez não tivesse desempenho tão bom em seu trabalho, que, como sabemos, ocasionalmente envolve bombardear outros países, alguns dos quais povoados majoritariamente por muçulmanos.

    VIVENDO O SONHO AMERICANO

    Shahid Khan é a personificação do sonho americano.

    O bilionário, nascido no Paquistão, chegou aos Estados Unidos com passagem só de ida, aos 16 anos, para estudar na Universidade de Illinois em Urbana-Champaign.

    "Em apenas 24 horas, eu já estava vivendo o sonho americano", disse Khan.

    O que ele quer dizer com isso é que encontrou um emprego lavando pratos, por US$ 1,20 a hora –salário muito maior do que a vasta maioria de seus compatriotas paquistaneses conseguia obter na época.

    Depois de se formar, ele criou uma empresa de autopeças. Agora, Khan, 65 –mais conhecido no Reino Unido como proprietário do Fulham Football Club– - é presidente da Flex-N-Gate, uma companhia de autopeças que fatura US$ 4,9 bilhões por ano.

    Ele está no 360º posto da lista de pessoas mais ricas do planeta, e três anos atrás a revista "Forbes" dedicou-lhe uma capa como a imagem do sonho americano.

    TRATANDO OS DOENTES

    Sem Ayub Ommaya, muitas pessoas, algumas das quais norte-americanas, estariam mortas ou sofrendo dores horrendas.

    Em 1973, o neurocirurgião, muçulmano e nascido no Paquistão, inventou um sistema de cateteres intraventriculares que pode ser usado para aspiração de fluido cérebro-espinhal ou aplicação de medicamentos.

    O que isso significa é que um aparelho de plástico macio, em formato de domo, é colocado sob o couro cabeludo. O chamado Reservatório Ommaya é em seguida conectado a um cateter posicionado no cérebro do paciente. O reservatório é usado para aplicar quimioterapia diretamente na área adoecida do cérebro, no caso de tumores cerebrais.

    Ommaya também desenvolveu a primeira escala de classificação de comas, para classificar lesões cerebrais traumáticas, e desenvolveu além disso o Centro Nacional de Prevenção e Controle de Lesões dos Estados Unidos, que entre suas missões está a atenção às lesões cerebrais traumáticas.

    AJUDANDO HILLARY A CHEGAR À CASA BRANCA

    Huma Abedin, 39, talvez seja a mulher muçulmana mais poderosa dos Estados Unidos.

    Natural de Kalamazoo (Michigan), a consultora política é há muito assessora de Hillary Clinton e foi vice-chefe de seu gabinete quando a democrata era secretária de Estado.

    No momento, ela é vice-presidente do comitê de campanha presidencial de Hillary. Mas será que merece confiança?

    Mandel Ngan - 14.nov.2015/AFP
    Democratic Presidential hopeful Hillary Clinton (R) gestures next to Huma Abedin after the second Democratic presidential primary debate in the Sheslow Auditorium of Drake University on November 14, 2015 in Des Moines, Iowa. AFP PHOTO/ MANDEL NGAN ORG XMIT: 604
    Huma Abedin com a pré-candidata democrata à Casa Branca, Hillary Clinton

    Em 2012, cinco congressistas republicanos escreveram ao inspetor-geral do Departamento de Estado para afirmar que ela tinha "conexões familiares imediatas com organizações extremistas estrangeiras". As afirmações foram refutadas e o jornal "The Washington Post" considerou-as como "paranoia", "ataque infundado" e "difamação".

    Políticos republicanos difamando muçulmanos sem qualquer motivo? Pelo menos em 2015 temos Donald Trump para se opor a atitudes como essa.

    DANDO O MAIOR MC DE TODOS OS TEMPOS AO HIP-HOP

    Para muitos fãs de música nos anos 80 e 90, o hip-hop foi a primeira, e instigante, exposição à cultura muçulmana e à religião islâmica.

    Depois dos dias iniciais de break dancing e bravatas, o gênero encontrou espaço para um elemento espiritual e religioso.

    A gama de rappers muçulmanos abarca do óbvio Yasiin Bey (o artista anteriormente conhecido como Mos Def) ao superficialmente improvável T-Pain, e inclui luminares como Nas, Andre 3000, Lupe Fiasco, Ice Cube e Busta Rhymes.

    A expressão da crença muçulmana via hip-hop foi frequentemente mediada por grupos alternativos, como o Nation of Islam e o Five-Percent Nation.
    E a linguagem que eles usam infiltrou o jargão do rap.

    Sergio Carvalho - 18.mai.2013/Folhapress
    BRASIL, 18-05-2013, 00H. Virada Cultural 2013 - Palco Julio Prestes, apresentacao do projeto Black Star, dupla formada por Mos Def (de branco) e Talib Kweli (de preto). (Foto: Sergio Carvalho/Folhapress - ilustrada)
    Mos Def durante a Virada Cultural de São Paulo em 2013

    Boa parte disso se deve a Rakim, talvez o primeiro e mais proeminente rapper muçulmano a falar abertamente de sua fé.

    Como parte da dupla Eric B & Rakim, o homem que sua mãe conhece como William Griffin e os fãs conhecem como Rakim Allah sempre aludiu à cultura e à religião muçulmanas em canções que rapidamente o conduziram ao topo da lista dos MCs.

    Embora artistas como Jay Z e Notorious BIG tenham conquistado mais fama e vendas maiores, Rakim continua a ser encarado em muitos quadrantes como o maior rapper da história.

    Seu ritmo e sua postura únicos ajudaram a dar origem à brilhante era "afrocêntrica" do hip-hop do final dos anos 80 e permitiram que mais muçulmanos professassem sua fé em suas gravações.

    Clássicos estabelecidos do rap como "Mr Hood" (1991), do KMD, e "One for All" (1990), de Brand Nubian, foram tornados possíveis por essa vertente de influência muçulmana.

    Sempre existiu uma desconexão perturbadora entre canções sobre traficar drogas e o amor a Alá nas obras de artistas influentes como Scarface e the Jacka, e o hip-hop moderno se mostra muito menos explícito com relação ao islã.

    Mas isso talvez aconteça porque o profundo e importante impacto da religião sobre a música e a cultura é tão evidente e duradouro que não é mais necessário falar sobre isso em voz alta. (Andrew Emery)

    INVENTANDO A CASQUINHA DE SORVETE

    Imagine a cena.

    Estamos na Feira Mundial de St. Louis, em 1904. Um vendedor de sorvete esgotou seu estoque de embalagens de papel. Um tumulto está para estourar. Como é que os norte-americanos encalorados poderão comer seu sorvete agora? Terão de lambê-lo das próprias mãos, como se fossem animais?

    Não, isso não acontece nos Estados Unidos. Nem mesmo na Itália. Por sorte, a barraca ao lado abriga um imigrante muçulmano vindo da Síria.

    Ernest Hamwi está vendendo um produto chamado zalabia, algo parecido com um waffle. Ele enrola o waffle em formato cônico, e o recheia de sorvete: eis a primeira casquinha de sorvete comestível da história.

    Mas ela está longe de ser a última. Astúcia empresarial e espírito de comunidade enrolados em uma mesma forma: como recusar essa oferta, ó, Estados Unidos?

    Hoje em dia, incidentalmente, a zalabia se tornou parte tão integral da sociedade norte-americana que Martha Stewart oferece uma receita de casquinha de sorvete.

    HERÓIS DO ESPORTE

    Trump usou o Twitter na semana passada para escrever que "Obama afirmou em seu discurso que muçulmanos são heróis em nossos esportes". E perguntou: "Que esportes? Quem?".

    Um desses heróis esportivos, senhor Trump, é alguém que o senhor conhece. Eis algumas pistas.

    Seu primeiro apelido foi Louisville Lip. Ele conquistou por três vezes o título mundial de boxe peso pesado. Ah, sim: em 1965 ele mudou seu nome de Cassius Clay para Muhammad Ali e, mais tarde, concedeu entrevistas explicando sua perspectiva quanto à sua nova religião.

    Agora o senhor deve ter lembrado. É o mesmo cara que lhe concedeu um prêmio Muhammad Ali em 2007. Em maio, o senhor postou uma foto em que posava ao lado de um grande herói muçulmano do esporte e afirmou que ele era seu amigo.

    O presidente Obama, depois dos homicídios em San Bernardino, estava tentando expor um argumento: "Os norte-americanos muçulmanos são nossos amigos e vizinhos, nossos colegas de trabalho, heróis do nosso esporte. E, sim, são homens e mulheres de uniforme que se dispõem a morrer em defesa de nosso país", ele disse, discursando no Salão Oval. "Temos de nos lembrar disso".

    Eis mais alguns heróis do esporte aos quais ele podia estar se referindo: as lendas do basquete Shaquille O'Neal e Kareem Abdul-Jabbar, este último talvez o segundo maior astro do basquete em todos os tempos, abaixo apenas de Michael Jordan.

    Hakeem Olajuwon, 52, pivô da NBA elevado ao Hall da Fama do basquete. Oh, sim, e Mike Tyson, que bateu um recorde como o mais jovem boxeador a conquistar títulos dos pesos pesados pela WBC, WBA e IBF aos 20 anos de idade.

    PROMOVENDO A DIPLOMACIA

    Farah Pandit trabalhou no Conselho de Segurança Nacional da era George W. Bush como diretora de iniciativas para o Oriente Médio e em seguida no Departamento de Estado como assessora sobre como promover envolvimento com a comunidade muçulmana da Europa.

    Em 2009, se tornou enviada de Hillary Clinton às comunidades islâmicas de todo o mundo.

    Ela argumenta que o Estado Islâmico está explorando uma crise de identidade entre os jovens muçulmanos. "A geração milênio, entre os muçulmanos, está crescendo no mundo pós-11 de Setembro e questionando cultura versus religião, modernidade e islamismo. As pessoas que respondem a essas perguntas sobre crise de identidade não são seus pais, familiares ou as vozes da comunidade que no passado poderiam ajudar os jovens a enfrentar essa crise. Hoje, eles recorrem ao xeque Google. As vozes mais ruidosas são as dos extremistas, que sabem como dar forma à maneira pela qual os jovens veem todas as coisas."

    COMBATENDO A INJUSTIÇA

    Depois do final da escravatura nos Estados Unidos, muitos negros norte-americanos começaram a se transferir para as cidades.

    Mas, por conta de normas restritivas de habitação e de emprego, muitos tiveram de se abrigar em guetos problemáticos.

    Em um contexto como aquele, alguns negros retornaram ao que acreditavam ter sido a religião de seus ancestrais. Muitos deles se deixaram atrair, nos anos 50 e 60, pela brilhante oratória de um porta-voz da nação do islã.

    Nascido Malcolm Little, em 1925, mas famoso como Malcolm X, ele se converteu ao islamismo, abandonou seu nome de escravo e instava os negros norte-americanos a romper os grilhões do racismo "por todos os meios necessários", o que incluía a violência –uma mensagem que contrariava a de seu colega de ativismo pelos direitos civis Marthin Luther King, cujos apelos eram por desobediência civil não violenta.

    "Quando praticada em autodefesa, eu nem mesmo defino essa atitude como violência", disse Malcom X certa vez. "Para mim isso é inteligência".

    PROMOVENDO O AVANÇO DA CIÊNCIA

    Ahmed Zewail conquistou o Prêmio Nobel de Química em 1999 e com isso se tornou o primeiro cientista nascido no Egito a fazê-lo.

    Janerik Henriksson - 9.dez.1999/Reuters
    O ganhador do prêmio Nobel de Química, Ahmed H. Zewail, em Estocolmo (Suécia). STO14:NOBEL-SWEDEN:STOCKHOLM,9DEC99 - Egyptian born chemist Ahmed H. Zewail, who holds U.S. and Egyptian citizenship, pictured December 9, was awarded the chemistry prize for research that makes it possible to watch atoms in slow motion during incredibly fast chemical reactions. Zewail is the first Egyptain to take one of the Nobel science awards since presentations started in 1901. (SWEDEN OUT, NORWAY OUT) clh/SCANPIX/Photo by Janerik Henriksson REUTERS
    O Nobel de Química de 1999, Ahmed H. Zewail

    Ele é conhecido como o "pai da fentoquímica" e pelo trabalho pioneiro na observação de transformações moleculares rápidas.

    Zewail, 69, morou nos Estados Unidos pela maior parte de sua vida, é professor de química e física na Caltech e diretor de seu centro de biologia física.

    Zewail é parte do conselho de assessores de ciência e tecnologia do presidente Obama, um grupo consultivo formado pelos principais cientistas e engenheiros do país a fim de assessorar o presidente e vice-presidente e formular políticas para a área de ciência desde 2011.

    Quando de sua entrada para o conselho, a Casa Branca elogiou esse norte-americano muçulmano de origem egípcia e o descreveu como "amplamente respeitado não só pela suas realizações científicas mas por seus esforços como voz da razão quanto ao Oriente Médio".

    Selos de correio foram emitidos com sua efígie para comemorar sua contribuição para a ciência e a humanidade.

    PROVOCANDO RISADAS

    Será que muçulmanos conseguem ser engraçados? Com certeza sim.

    Um exemplo: em janeiro, Rupert Murdoch usou o Twitter para escrever que "a maioria dos muçulmanos talvez seja pacífica, mas até que reconheçam e destruam seu crescente câncer jihadista devem ser encarados como responsáveis".

    Aziz Anzari rebateu, também no Twitter: "Rups, que tal um guia passo a passo? O que é que meus pais de 60 anos na Carolina do Norte têm de fazer para destruir grupos terroristas? Favor explicar".

    Anzari, que interpretava Tom Haverford na série "Parks and Recreation", é um hilariante comediante stand-up e escreveu "Modern Romance: An Investigation", sobre os costumes sexuais modernos.

    Ele se descreve como ateu, mas seus pais são uma família muçulmana de etnia tâmil. Sua mãe, Fatima, trabalha em um consultório médico, e seu pai, Shoukath, é gastroenterologista.

    E temos David Chappelle, que começou a ganhar fama em 1993 como Ahchoo, em "A Louca Louca História de Robin Hood", de Mel Brooks, e hoje é um dos maiores comediantes dos Estados Unidos.

    Chappelle se converteu ao islamismo em 1998, mas não fala demais a respeito. Por quê?

    "Não costumo falar publicamente sobre minha religião porque não quero que essa coisa tão linda seja associada a mim e às minhas falhas", ele disse à revista "Time" em 2005.

    "E acredito que seja bonito aprender sobre ela da maneira certa".

    Tradução de PAULO MIGLIACCI

    [an error occurred while processing this directive]

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024