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    Criado em 2006, Cidadãos agrada à esquerda e à direita espanhola

    DIOGO BERCITO
    EM MADRI

    20/12/2015 02h02

    Em 2006, ao concorrer ao Parlamento catalão, Albert Rivera posou nu em foto de campanha, as mãos tapando a virilha. "Não nos importa a roupa que você veste", dizia a peça, apresentando o recém-criado partido Cidadãos.

    A depender dos resultados deste domingo, o jovem político –agora bem-vestido, aos 36 anos– pode ter em suas mãos a chave para formar o novo governo da Espanha.

    O Cidadãos surgiu em 2006 como uma sigla contrária ao movimento nacionalista catalão. A ação ganhou força no resto do país. Neste ano, a sigla disputa pela primeira vez as eleições gerais.

    Pierre-Philippe Marcou - 18.dez.2015/AFP
     Ciudadanos leader and candidate for the upcoming December 20 general election, Albert Rivera speaks during a meeting held on the last day of the official electoral campaign, in Madrid on December 18, 2015. All four candidates are set to close their campaigns in Madrid and the eastern city of Valencia today before an obligatory "day of reflection" ahead of December 20's vote. AFP PHOTO / PIERRE-PHILIPPE MARCOU ORG XMIT: RR2069
    Albert Rivera discursa no último dia de campanha das eleições

    Nestes últimos meses, o partido Podemos recebeu quase toda a atenção da mídia internacional, mas o Cidadãos pode ser a grande surpresa do pleito espanhol.

    O Cidadãos tem uma vantagem diante de seus três principais rivais, que é ter um apelo tanto à direita quanto à esquerda no país, a depender das circunstâncias.

    "É um partido de esquerda no sentido social, de liberdades e de direitos", diz à Folha o jurista Francesc de Carreras, um dos grandes nomes por trás do Cidadãos e mentor político de Rivera. "Mas é de centro-direita no sentido econômico", afirma.

    PROJEÇÃO DE ASSENTOS

    O partido pode, por exemplo, atrair votos de eleitores descontentes com o PP. Mas, nas eleições regionais na Catalunha, foi beneficiado pelo voto de eleitores socialistas cansados da esquerda vinculada, ali, a um nacionalismo.

    Jovem, charmoso e com um quê de irreverente, Rivera ganha pontos no quesito carisma em comparação aos candidatos do PP e do PSOE.

    Mas, na avaliação de analistas políticos, ele perdeu algumas posições quando participou de debates na TV e apareceu como menos experiente do que os seus rivais, que têm atrás de si um já calejado maquinário político.

    "Rivera foi deputado aos 26 anos, e ser jovem é seguramente um ponto positivo", diz Carreras. "Mas o mais importante é a mensagem contrária à corrupção."

    Durante um comício acompanhado pela reportagem na sexta-feira (18), encerrando a sua campanha, Rivera insistia na ideia de que o Cidadãos é a única via para uma mudança -uma mudança "sensata" em comparação ao Podemos, afirmou.

    Nesse mesmo sentido, o Cidadãos recebeu na semana passada o apoio da revista "The Economist", que declarou seu voto simbólico ao partido. A publicação louvava a ideia de uma reforma não apenas econômica mas também política na Espanha.

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