Rabo de cavalo, barba rala, roupa informal. O visual que tornou conhecido o cientista político, professor e apresentador de TV Pablo Iglesias, 37, cofundador do Podemos, é o mesmo que faz muitos se perguntarem se ele tem "pinta de presidente".
Nos quase dois anos desde a fundação da sigla, Iglesias se elegeu eurodeputado, chegou ao primeiro lugar nas pesquisas para primeiro-ministro e caiu para o quarto lugar.
Nas duas semanas de campanha, foi considerado vencedor de debates.
Impulsionada pelos militantes nas redes sociais, sua candidatura voltou a crescer, e ele disputa com o PSOE a liderança do eleitorado de esquerda.
Sergio Perez/Reuters | ||
Pablo Iglesias, cofundador do Podemos, em Madri |
No domingo passado (13), em comício com cerca de 10 mil pessoas em Madri, Iglesias disse acreditar na virada e repetiu sua definição para o governo de Mariano Rajoy: "Desigualdade e corrupção".
"Podemos é a sigla que dá o salto da indignação à mudança política, que canaliza o descontentamento com a classe política e a corrupção", diz o cientista político Ángel Valencia, da Universidade de Málaga.
Iglesias, que ganhou fama com o programa de TV "La Tuerka", veiculado também pela internet, adotou o léxico do movimento e refere-se à elite política como "casta".
Solteiro, vive num apartamento herdado de uma tia-avó no bairro operário de Vallecas, em Madri.
Iglesias não defende mais o calote da dívida pública espanhola. Aliado do Syriza, sofreu por tabela o desgaste quando fracassou o caminho alternativo à austeridade fiscal proposto pela esquerda na Grécia.
Na trajetória rumo à moderação, Iglesias substituiu os países bolivarianos pelos escandinavos como referência.
Seu programa prioriza a defesa do estado de bem-estar social e a proteção às pessoas mais atingidas pela crise.