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    Representantes de Venezuela e Argentina trocam acusações em cúpula

    MARIANA CARNEIRO
    ENVIADA ESPECIAL A ASSUNÇÃO

    21/12/2015 14h49

    Jorge Adorno/Reuters
    Argentina's President Mauricio Macri gestures before the official photo at the Summit of Heads of State of MERCOSUR and Associated States and 49th Meeting of the Common Market Council in Luque, Paraguay, December 21, 2015. REUTERS/Jorge Adorno ORG XMIT: CDG29
    Presidente da Argentina, Mauricio Macri, durante reunião de cúpula do Mercosul, em Assunção

    Representantes de Argentina e Venezuela bateram boca na cúpula do Mercosul, em Assunção.

    Recém-empossado, o argentino Mauricio Macri pediu pela liberação de políticos presos pelo governo de Nicolás Maduro, o que enfureceu a chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez, que devolveu a crítica de maneira contundente.

    "Se vamos falar sobre direitos humanos, vamos falar com sinceridade", disse. "Vou permitir-me responder ao presidente Macri, já que falou da Venezuela."

    "Não estou aqui como chanceler, mas como representante do povo da Venezuela. O senhor está fazendo ingerência sobre um assunto da Venezuela. O senhor está defendendo essa pessoa", disse ela, mostrando foto de Leopoldo Lopez, político da oposição que foi preso em um processo polêmico.

    A chanceler mostrou fotos de manifestações que, segundo ela, teriam sido feitas de maneira violenta pela oposição venezuelana contra o governo.

    "O senhor está defendendo esse tipo de manifestação, essa violência política", disse. "Bazucas foram usadas nas manifestações de 2014. Não sei se viram essas fotos. Não são do governo, são da agência AFP", disse ela, mostrando fotos.

    "Na Venezuela, existem poderes públicos independentes que devem ser respeitados, a assim como a autodeterminação soberana do povo", disse.

    Delcy sugeriu ainda que Macri pedia a liberdade "de violentos", porque teria relação com ditadores militares.

    "Entendo que o presidente Macri queira pedir a liberdade para esses violentos. Entendo porque sei que um de de seus primeiros anúncios foi libertar responsáveis por tortura, desaparição e assassinato durante a ditadura na Argentina", disse a chanceler. A informação não procede.

    A venezuelana encerrou a questão chamando Macri para um discurso franco.

    "Se vamos falar de direitos humanos de forma franca, como diz Macri, temos que fazê-lo com sinceridade", disse.

    FARPAS

    Desda a campanha eleitoral, Macri tem defendido uma posição crítica com Venezuela. Chegou a sugerir a suspensão do país do bloco, mas recuou posteriormente.

    A declaração de Macri, que levou à reação da venezuelana, foi dura para os padrões do linguajar diplomático, usado em reuniões presidenciais.

    "Nos Estados parte do Mercosul, não pode haver lugar para a perseguição politica por razões ideológicas nem a privação ilegítima da liberdade por pensar diferente", disse o argentino.

    "Quero pedir expressamente diante de todos os queridos presidentes do Mercosul a pronta liberação dos presos políticos na Venezuela", disse.

    Macri sugeriu que a Venezuela, apesar das eleições, não é uma democracia plena.

    "Minha visão sobre a democracia vai muito além que ir às urnas a cada certa quantidade de tempo, a democracia é uma forma de vida e um pacto de convivência entre pessoas que pensam diferente."

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