Após 39 anos de buscas, María Isabel Chorobik de Mariani, uma das fundadoras e ex-presidente do movimento Avós de Maio, finalmente reencontrou sua neta desaparecida. O fim da busca da ativista, de 91 anos, foi divulgado nesta quinta (24).

A neta de Chicha, como María é conhecida, se torna a de número 120 a ser reencontrada na Argentina —estima-se que cerca de 500 bebês foram retirados de suas famílias pela ditadura militar (1976-83).

Os pais de Clara Anahí faziam parte da guerrilha peronista Montoneros, que lutava contra o regime militar em vigor no país. Em 1976, soldados invadiram sua casa e mataram sua mãe, Diana Teruggi, e outros três ativistas que se encontraram no lugar.

Clara sobreviveu e foi levada pelos militares, para despois ser entregue a outra família. Ela tinha três meses de idade.

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Desde então, Chicha, sua avó paterna, buscava o paradeiro da criança. Seu filho, Daniel Mariani, seria morto no ano seguinte pela ditadura.

Chicha foi uma das 12 fundadoras das Avós da Praça de Maio e chegou a presidira a organização. Ela se desligou do movimento em 1989, por desavenças internas. Ela criou então a Fundação Anahí para prosseguir com seu trabalho.

"Após um rigoroso mecanismo de determinação do vínculo biológico, foi estabelecida a probabilidade de vínculo em 99,9% [de parentesco]", informou a fundação, em comunicado.

O caso de Clara Anahí se tornou famoso devido às cartas abertas que sua avó lhe escreveu durante anos, e que ganharam repercussão mundial.

O presidente argentino, Mauricio Macri, comemorou a descoberta no Twitter.

"Alegria pela recuperação da nela 120", disse. "É um triunfo da busca pela verdade e da defesa do direito da identidade."

A última recuperação emblemática de netos argentinos desaparecidos havia sido a de Estela Carlotto, atual presidente das Avós de Maio, que se reencontrou com Ignacio Montoya Carlotto.

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