• Mundo

    Wednesday, 01-May-2024 10:26:32 -03

    Relação entre Arábia Saudita e Irã tem histórico problemático; entenda

    DA REUTERS

    04/01/2016 07h00

    Neste domingo (3), a Arábia Saudita anunciou rompimento das relações diplomáticas com o Irã, após a execução do proeminente clérigo xiita Nimr al-Nimr.

    Não é a primeira vez que a relação entre os dois países, rivais na região, fica estremecida. Confira, abaixo, outros episódios.

    CONFRONTO E MORTES EM MECA

    Em 31 de julho de 1987, 402 peregrinos —entre os quais 275 iranianos—, morreram durante um confronto entre forças de segurança sauditas e manifestantes que protestavam contra os Estados Unidos na cidade sagrada de Meca.

    Após as mortes, protestos tomaram as ruas de Teerã, a embaixada da Arábia Saudita foi invadida e a do Kuait, incendiada.

    Um diplomata saudita, Mousa'ad al-Ghamdi, caiu de uma das janelas da embaixada durante a invasão e morreu devido aos seus ferimentos. Riad acusou o governo de Teerã de atrasar a sua transferência a um hospital saudita.

    Em abril de 1988, as relações diplomáticas entre os dois países, que já estavam tensas desde a Revolução Iraniana, em 1979, foram rompidas pelo rei saudita Fahd.

    NOVO PRESIDENTE, NOVOS TEMPOS

    Em 2001, o rei Fahd veio a público para parabenizar Mohammad Khatami por sua reeleição como presidente do Irã, dizendo que apoiava suas intenções reformistas.

    Atta Kenare/AFP
    Presidente Mohammad Khatami discursa durante parada militar, em 1998
    Presidente Mohammad Khatami discursa durante parada militar, em 1998

    Khatami, clérigo xiita, trabalhava para a reaproximação dos dois países desde 1997, quando chegou ao cargo. Em 1999, Khatami havia feito a primeira visita de um presidente iraniano à Arábia Saudita desde a Revolução.

    A melhora de relações foi selada com um pacto de segurança, em abril de 2001.

    INVASÃO DO IRAQUE

    A invasão do Iraque e a subsequente queda do ditador Saddam Hussein (sunita) levou o poder às mãos da maioria xiita e mudou o alinhamento político do país em direção ao Irã.

    Faleh Kheiber/Reuters
    Crianças exibem livros escolares com fotografia de Saddam Husseim, em Bagdá, no Iraque, em 2002
    Crianças exibem livros escolares com fotografia de Saddam Husseim, em Bagdá, no Iraque, em 2002

    O programa nuclear iraniano aprofundou temores da Arábia Saudita de que o sucessor de Khatami, Mahmoud Ahmadinejad, tentaria aumentar a influência do Irã na região do golfo Pérsico e de grupos xiitas.

    Em janeiro de 2007, a Arábia Saudita disse ao enviado iraniano ao país que o Irã estava colocando a região em perigo, em referência ao conflito do país persa com os Estados Unidos em relação ao Iraque e seu programa nuclear.

    PRIMAVERA ÁRABE

    Em 2011, com a Primavera Árabe, a Arábia Saudita enviou soldados ao Bahrein para reprimir protestos a favor da democracia, temendo que a oposição xiita, se chegasse ao poder, se alinharia ao Irã. Mais tarde, Bahrein e Arábia Saudita acusaram o Irã de fomentar a violência contra forças policiais.

    Informações reveladas pelo WikiLeaks mostraram, mais tarde, que líderes sauditas, como o rei Abdullah, pressionaram Washington na época por uma posição mais dura contra o programa nuclear iraniano, inclusive com ações militares.

    No mesmo ano, a Arábia Saudita acusou grupos xiitas, incluindo o proeminente clérigo xiita Nimr, executado no sábado (2), de cooperar com países estrangeiros —em referência ao Irã— para estimular a dissidência, após choques entre a polícia e xiitas.

    Washington na mesma época anunciou ter descoberto um suposto complô do Irã para assassinar o embaixador saudita nos Estados Unidos —Adel al Jubeir, atual ministro de Relações Exteriores saudita.

    Teerã rejeitou as acusações, mas a Arábia Saudita disse que o país pagaria pelo ato.

    GUERRA POR PROCURAÇÃO

    Em 2012, a Arábia Saudita se tornou o principal aliado de rebeldes que lutavam para a derrubada do ditador sírio, Bashar al-Assad, aliado do Irã. Riad acusou Teerã de ser cúmplice de um genocídio, e Teerã disse que os sauditas estavam intervindo em assuntos domésticos sírios e financiando facções terroristas no país.

    Em março de 2015, a Arábia Saudita deu início a uma campanha militar no Iêmen contra rebeldes houthis, apoiados pelo Irã. Riad acusa Teerã de apoiar um golpe de Estado, e Teerã afirma que os ataques aéreos sauditas no país vem vitimando a população civil.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024