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    Maduro tira do Legislativo o poder de indicar a diretoria do Banco Central

    DE SÃO PAULO

    05/01/2016 12h42

    Horas antes da cerimônia de posse dos membros da Assembleia Nacional, dominada pela oposição, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, tirou do Legislativo o poder de indicação da diretoria do Banco Central do país.

    Para mudar a regra, Maduro usou a Lei Habilitante, que lhe deu poderes temporários de legislar até a última quinta-feira (31). A decisão foi publicada no diário oficial de quarta (30), mas só foi divulgada pela imprensa nesta terça (5).

    4.jan.2016/Reuters
    O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, se reúne com políticos chavistas no Palácio de Miraflores
    O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, se reúne com políticos chavistas no Palácio de Miraflores

    Com a mudança, caberá ao mandatário indicar o presidente e os seis diretores do Banco Central sem ter que submeter os nomes a aprovação prévia da Assembleia Nacional. Um dos membros da diretoria será o ministro das Finanças do país.

    Maduro também limitou o acesso a informações econômicas e documentos secretos e confidenciais do Banco Central. Todas as solicitações, inclusive de parlamentares, terão que ser deferidas ou indeferidas pelo presidente do Banco Central.

    O Executivo ainda poderá ordenar a suspensão temporária da divulgação dos dados "pelo período pelo qual existam situações externas e internas que representam uma ameaça à segurança nacional e à estabilidade econômica".

    Isso prejudicará a capacidade do Legislativo de alterar a política econômica do país, que passa por uma crise financeira e de desabastecimento. A solução da crise foi uma das principais promessas de campanha eleitoral da oposição.

    Maduro considera que a Venezuela passa por uma "guerra econômica", liderada por empresários e opositores locais e que teria o apoio dos Estados Unidos e de detratores do chavismo, como o ex-presidente colombiano Álvaro Uribe.

    O mandatário afirma também que a queda brusca do preço do petróleo, principal produto venezuelano, no mercado internacional foi provocada pelos americanos para prejudicar o país e outras nações contrárias a Washington.

    Para conter a crise de desabastecimento, Maduro limitou a venda de artigos em falta, provocando filas nos mercados, e fechou a fronteira com a Colômbia como uma forma de evitar o contrabando de produtos.

    POSSE

    Nesta terça-feira, tomam posse os 167 deputados venezuelanos eleitos em 6 de dezembro. Pelos resultados do pleito, a oposição obteve 112 cadeiras e o chavismo, 55, o que daria maioria qualificada aos adversários de Maduro.

    Na semana passada, no entanto, a Justiça impugnou quatro deputados do Estado de Amazonas —três opositores e um chavista. Se a decisão judicial for mantida, a oposição perde os poderes de ter mais de dois terços do Parlamento.

    Dentre eles, estão emendar a Constituição, aprovar Constituinte ou destituir altos funcionários. Na segunda, chavistas impediram a entrada do opositor Henry Ramos Allup no prédio administrativo da Assembleia Nacional. Ele deverá ser o novo presidente do Parlamento.

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