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    Reino Unido investiga identidade de sucessor de Jihadi John

    DIOGO BERCITO
    EM MADRI

    05/01/2016 17h16

    Um vídeo divulgado pelo Estado Islâmico no domingo (3) levou ao início de investigações sobre a identidade de um militante supostamente britânico na organização terrorista.

    Ele seria uma espécie de sucessor do apelidado "Jihadi John" (João Jihadista, no original inglês), que apareceu em diversas imagens de decapitação de reféns —Mohammed Emwazi, nascido no Kuait, foi supostamente morto em novembro na Síria.

    O vídeo recém-divulgado pelo Estado Islâmico mostra um militante com sotaque britânico participando da morte de cinco suspeitos de ser espiões do Reino Unido.

    Reuters
    Homem mascarado faz ameaças em vídeo atribuído à facção terrorista Estado Islâmico
    Homem mascarado faz ameaças em vídeo atribuído à facção terrorista Estado Islâmico

    O novo "Jihadi John", caso confirmada sua nacionalidade britânica, não é o único estrangeiro entre os terroristas dessa organização. Há centenas de membros europeus. Um belga de mãe brasileira, Brian de Mulder, morreu recentemente na Síria, segundo sua família.

    O governo britânico estima que 800 de seus cidadãos viajaram à Síria e ao Iraque, parte deles para unir-se ao Estado Islâmico. Cerca de metade voltou ao país, e 70 foram mortos.

    Mas, ao protagonizar os vídeos virais do Estado Islâmico, tanto este militante possivelmente britânico quanto o "Jihadi John" original tornam-se rapidamente símbolos do risco apresentado pela organização terrorista, com capacidade de recrutar estrangeiros.

    Há teorias circulando sobre a identidade do novo "Jihadi John". Na imprensa britânica ele é identificado como Siddhartha Dhar, 32, conhecido como Abu Rumaysah, que viajou à Síria com toda sua família em 2014. No Reino Unido, ele vendia castelos infláveis para crianças, segundo relatos.

    Essa suposição, no entanto, tem bases frágeis. Um parente afirmou que a voz no vídeo se parece com a de Dhar. Uma jornalista que entrevistou o britânico no passado teve a mesma impressão. No entanto, especialistas em radicalismo britânico, como Shiraz Maher, têm duvidado dessa tese publicamente.

    À Folha Maher disse durante uma entrevista que a atenção dada a esses militantes é mais um "circo midiático" do que um fenômeno real, no Estado Islâmico. "Eles não têm um papel importante na organização, para além de executar reféns."

    Dhar de fato seguia uma vertente radical do islã, e fazia declarações públicas nesse sentido nos últimos anos, pedindo que a lei islâmica fosse estabelecida no Reino Unido. Mas sua pregação não chegou a mobilizar as autoridades, até ser detido em 2014 sob a suspeita de "encorajar o terrorismo".

    Enquanto esperava seu julgamento, ele mudou-se para a Síria. Em Raqqa, a capital do auto-declarado califado Estado Islâmico, ele rapidamente tornou-se uma figura recorrente na defesa on-line dessa organização.

    O vídeo recém-divulgado também mostra um menino ameaçando "infiéis". Ele foi identificado por Sunday Dare como seu neto britânico, chamado Isa. Dare disse à imprensa britânica que sua filha uniu-se ao Estado Islâmico e levou Isa até a Síria.

    As autoridades britânicas ainda investigam as identidades dos militantes no vídeo, e não há nenhuma informação oficial disponível.

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