Acompanhando iniciativas de cidades como São Paulo e Bogotá, Paris anunciou nesta semana que a icônica avenida Champs-Elysées será fechada para carros um domingo por mês, oferecendo espaço de lazer para pedestres e ciclistas.
A prefeita da capital francesa, a socialista Anne Hidalgo, declarou na quarta-feira (6) que o programa deve ser implementado a partir de abril.
Philippe Wojazer-27.set.2015/Reuters | ||
Pedestres caminham na Champs-Elysées em edição do "Dia Sem Carro", em setembro |
O fechamento da Champs-Elysées se soma a outras medidas amigáveis em relação a pedestres e ao ambiente, como a pedestrianização de um trecho de via na margem direita do rio Sena, a ser realizada ainda em 2016.
Cartão-postal de Paris, a avenida com museus e lojas de luxo ao longo de seus quase dois quilômetros de extensão foi fechada para carros e ocupada por milhares de pedestres em 27 de setembro como parte do evento europeu "Dia sem Carro".
Na ocasião, a organização de monitoramento da qualidade do ar Aiparif registrou uma redução de cerca de 30% dos níveis de dióxido de nitrogênio na região da Champs-Elysées em comparação com outros domingos.
Hidalgo também anunciou que, na edição de 2016 do "Dia sem Carro", a proibição de circulação de carros deve ser ampliada para toda a cidade.
É possível que o fechamento da renomada avenida parisiense sofra resistência por parte de alguns moradores. Em uma enquete feita pelo site do jornal "Le Parisien" com 5.800 leitores, quase 47% se declararam contrários à medida.
Um usuário identificado como "Coco20" disse que a medida transformaria a avenida em "mais um terreno para ladrões e terroristas".
As forças de segurança francesas estão em alerta desde os atentados de 13 de novembro, quando 130 pessoas foram mortas por extremistas islâmicos em bares e em uma casa de shows em Paris.
TENDÊNCIA
A decisão de abrir a Champs-Elysées para os pedestres uma vez por mês segue uma tendência crescente em diversas cidades ao redor do mundo. A iniciativa é inspirada em um programa de Bogotá, capital da Colômbia, que há mais de 40 anos abre algumas vias da cidade para pedestres e ciclistas aos domingos e feriados.
Em São Paulo, a decisão do prefeito paulistano, Fernando Haddad (PT), de transformar a avenida Paulista em uma via apenas de lazer aos domingos, sem a circulação de carros, foi contestada pelo Ministério Público e criticada por muitos moradores.
Segundo pesquisa do Datafolha realizada em outubro, 47% dos paulistanos são favoráveis a medida e 43% são contra, somando-se a 7% de indiferentes e 3% que não souberam responder.
Em setembro, durante palestra em Paris ao lado de Haddad, Hidalgo declarou que, se pudesse, votaria em seu colega paulistano.
Outras cidades, como Madri, Nova York e Roma, têm experimentado iniciativas semelhantes, impedindo temporária ou permanentemente carros de circularem em algumas vias em favor dos pedestres.