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    Professor condenado por ligação com terror é afastado das aulas na UFRJ

    FELIPE DE OLIVEIRA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

    14/01/2016 16h43 - Atualizado às 18h59

    Condenado na França por "associação com criminosos com vistas de planejar um atentado terrorista", o físico franco-argelino Adlène Hicheur vai deixar de dar aulas na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) por orientação da própria instituição.

    A Folha apurou que Hicheur teve uma reunião na manhã desta quinta-feira (14) com a direção do Instituto de Física e foi aconselhado a continuar apenas seu trabalho como pesquisador na unidade. A universidade, que passou por greve em 2015, encerrará o segundo período do ano passado em março.

    Reprodução
    Adlène Hicheur, físico franco-argelino condenado por terrorismo na França em 2012, é professor na UFRJ
    Adlène Hicheur, físico condenado por terrorismo na França em 2012, é professor na UFRJ

    O físico ainda pretende sair do país. Mas ainda tem contrato em vigor com a UFRJ, que termina em junho. Hicheur ainda avalia se vai romper o vínculo antecipadamente ou não.

    O afastamento teria o objetivo de evitar a exposição dele, de acordo com a versão dos representantes da UFRJ. De acordo com um funcionário da UFRJ, que preferiu não se identificar, Hicheur concordou com a orientação do Instituto de Física.

    Procurada pela Folha, a UFRJ confirmou a substituição do professor "para evitar que influências não acadêmicas interfiram no andamento das aulas." Segundo a nota da universidade, ele continua exercendo "atividades de pesquisa na pós-graduação".

    De acordo com diretor do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), Ronald Shellard, o franco-argelino quer sair do Brasil. "Ele quer sair do Brasil. Está decepcionado com tudo que fizeram com ele. Pegaram acusações infundadas e o acusaram", disse Shellard.

    O colega do físico afirma que Hicheur levava uma vida comum no Brasil e falava abertamente sobre sua prisão. O estrangeiro não demonstrava ter contato com terroristas e, em alguns momentos, chegou a criticas grupos extremistas como o Estado Islâmico, segundo o diretor.

    "Teve um episódio, por exemplo, que o Estado Islâmico ocupou uma cidade do Iraque que ele veio à minha sala e falou que aquilo era estupidez, que estavam soltando o diabo", disse Shellard à Folha.

    Professor visitante do Instituto de Física da UFRJ, Hicheur foi condenado em 2012 a cinco anos de prisão. Ficou preso por dois anos e meio, entre 2009 e 2012, quando teve direito a uma redução de pena.

    A Justiça francesa o condenou com base em mensagens eletrônicas trocadas por ele com supostos integrantes da rede terrorista Al Qaeda na Argélia.

    CRÍTICA DO MINISTRO

    Na última segunda-feira (11), o ministro Aloizio Mercadante (Educação) afirmou que Hicheur não deveria ter entrado no Brasil. Mercadante afirmou acompanhar o caso há cerca de três meses, quando ainda era titular da Casa Civil.

    "É logico que [Hicheur] deveria ter sido bloqueado. Uma pessoa que foi condenada por prática de terrorismo não nos interessa para ser professor no Brasil. Não temos nenhum interesse nesse tipo de pessoa", disse Mercadante.

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