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    Nicolás Maduro pede diálogo, mas culpa oposição por crise na Venezuela

    DE SÃO PAULO
    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    15/01/2016 23h08

    O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, pediu nesta sexta-feira (15) diálogo à oposição do país para acabar com a crise e chegar à paz no país, em seu informe de gestão ante a Assembleia Nacional, dominada por seus adversários.

    Esta é a primeira vez em 16 anos que um mandatário chavista se pronuncia a um Parlamento opositor. A coalizão Mesa de Unidade Nacional, contrária a Maduro, conseguiu mais de dois terços da Casa na eleição de 6 de dezembro.

    Apesar do pedido de diálogo, o presidente voltou a culpar a oposição pela crise política e por participar do que chama de guerra econômica, que, segundo ele, teria participação de seus adversários.

    No início de seu discurso, que durou mais de três horas, o mandatário propôs a criação de uma comissão da verdade para investigar a onda de violência durante os protestos contra seu governo em 2014, que deixou 43 mortos.

    A proposta foi uma reação ao projeto de lei de anistia aos opositores presos nas manifestações, cuja tramitação teve início horas antes na Assembleia Nacional. Para Maduro, a anistia é cravar um punhal à paz.

    "Não curaríamos nenhuma ferida criada pelo erro político de tentar forçar a história através da violência. Proponho que estabeleçamos uma comissão nacional para ir a um processo de paz e que não se imponha a visão de perdão dos que fizeram vítimas a eles mesmos".

    Para ele, a crise política com seus opositores deve ser resolvida de forma similar ao fim do apartheid na África do Sul e ao conflito entre as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e o governo da Colômbia.

    A lei de anistia deverá gerar um novo atrito entre o governo e a oposição. Os adversários do presidente devem aprovar o texto, que em seguida deverá ser vetado por Maduro, como disse em diversas ocasiões.

    ECONOMIA

    Outro ponto proposto de acordo com a oposição foi para tentar dar fim à crise econômica. Maduro admitiu que a crise é catastrófica e voltou a dizer que é uma vítima da guerra econômica contra a Venezuela.

    Ele citou quatro fatores que atrapalharam o país —a queda do preço do petróleo, a falta de um produto de exportação alternativo, o pouco investimento do setor produtivo local e as variações do preço do câmbio.

    O presidente criticou os empresários locais. "O setor capitalista entrou em greve de investimento e cooperação com as leis. Assim, os empresários somaram-se aos ataques especulativos e à guerra econômica", disse.

    Sobre a questão do câmbio, disse se tratar de uma "operação chefiada da Colômbia e de Miami". "Estamos no meio da tormenta econômica, ante à qual estão confrontados dois modelos", disse, depois fazendo críticas à oposição.

    "O socialista é o único, não é o modelo neoliberal que venha privatizar. Terão que me derrubar para conseguirem aprovar uma lei de privatização".

    As críticas foram feitas horas depois de Maduro ter aprovado um decreto que coloca o país em emergência econômica. Dentre as medidas previstas, está a dispensa de licitação e restrições do dólar a importações de alimentos e intervenção em empresas para garantir o abastecimento.

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