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    Professor condenado por ligação com terror é substituído em aulas da UFRJ

    FELIPE DE OLIVEIRA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

    18/01/2016 18h39

    A aula de física das 8h na sala 423 do Instituto de Física na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) teve um novo professor nesta segunda-feira. Adléne Hicheur, titular neste horário, foi substituído por outra profissional escalada pela instituição.

    Condenado na França por "associação com criminosos com vistas de planejar um atentado terrorista", Hicheur foi afastado pela direção da UFRJ na semana passada, após a repercussão alcançada pela notícia de sua presença na universidade —divulgada pela revista "Época".

    Nesta manhã, dez alunos compareceram a aula de Física Experimental 2 e, logo na chegada, foram orientados pela professora substituta a não dar declarações para a imprensa sobre o trabalho de Hicheur na instituição.

    Reprodução
    Adlène Hicheur, físico franco-argelino condenado por terrorismo na França em 2012, é professor na UFRJ
    Adlène Hicheur, físico condenado por terrorismo na França em 2012, é professor na UFRJ

    Ela disse aos alunos de Hicheur no momento "não pode aparecer" e alertou que seria importante não comentar o caso para evitar a exposição pública do professor.

    Um dos alunos presentes na classe, que pediu para não ser identificado, disse à Folha que os profissionais do Departamento de Física estão empenhados em evitar a repercussão do caso.

    Ele acrescentou que houve reiterados pedidos por parte dos docentes para que os alunos não fizessem comentários sobre o professor.

    Hicheur foi descrito por outro estudante como um profissional exigente e rígido, que não dava abertura aos alunos para conversas informais. O mesmo aluno o avaliou como um excelente professor.

    Um grupo de alunos criou um abaixo-assinado on-line a favor da presença de Hicheur no Brasil. Com 120 assinaturas até o momento, o documento deve ser encaminhado ao reitor da UFRJ e ao ministro da Educação.

    A professora que substituiu Hicheur na aula desta segunda classificou como uma perda para a universidade a saída do professor.

    CASO HICHEUR

    O físico foi preso em 2009 por trocar e-mails que mencionavam atentados terroristas. Hicheur foi condenado em 2012 a cinco anos de prisão, que incluíam o tempo já passado na cadeia.

    Poucos meses após a condenação, porém, teve a pena reduzida e foi libertado —seu advogado, Patrick Baudouin, afirmou à Folha que o veredicto contrário a seu cliente teria, a seu ver, a função exclusiva de avalizar os anos de detenção.

    A Justiça francesa o condenou com base em mensagens eletrônicas trocadas com supostos integrantes da rede terrorista Al Qaeda na Argélia.

    Em 11 de janeiro, o ministro Aloizio Mercadante (Educação) disse que Hicheur não deveria ter entrado no Brasil.

    "É lógico que (Hicheur) deveria ter sido bloqueado. Uma pessoa que foi condenada por prática de terrorismo não nos interessa para ser professor no Brasil. Não temos nenhum interesse neste tipo de pessoa", afirmou Mercadante.

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