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    Ascensão de rival democrata faz Hillary mudar estratégia de campanha

    THAIS BILENKY
    DE NOVA YORK

    19/01/2016 02h00

    A duas semanas do início das primárias nos EUA, a pré-candidata à Casa Branca Hillary Clinton, em queda nas pesquisas, mudou o tom de sua campanha pela nomeação do Partido Democrata e agora trata seu rival interno, o senador Bernie Sanders, como primeira ameaça.

    E-mails disparados a uma lista de apoiadores, antes focados em pedidos genéricos de doação e elogios à ex-secretária de Estado, passaram a alertar para os riscos de ela ficar para trás.

    Timothy A. Clary/AFP
    Os pré-candidatos democratas Hillary Clinton e Bernie Sanders durante debate da NBC
    Os pré-candidatos democratas Hillary Clinton e Bernie Sanders durante debate da NBC

    Em debate televisivo neste domingo (17), Hillary evidenciou a nova abordagem, partindo para um enfrentamento direto com Sanders, a quem acusou de praticar oportunismo eleitoral.

    Em temas como sistema de saúde e controle na venda de armas, a pré-candidata disse que o adversário mudou de opinião durante a campanha em curso para tentar colar a imagem de progressista convicto e coerente.

    A posição assertiva de Hillary possivelmente deriva da percepção de que sua campanha subestimou o oponente. Segundo o jornal "The New York Times", conselheiros e mesmo o marido da pré-candidata, o ex-presidente Bill Clinton, concluíram que a campanha falhou em não parar Sanders a tempo de evitar sua ascensão nas pesquisas.

    HILLARY CLINTON X BERNIE SANDERS - Média de pesquisas, em %

    Em um mês, ele passou de 31% das intenções de voto para os atuais 38%, na média dos levantamentos. Hillary caiu de 55% para 51%.

    Nos Estados por onde começarão as votações para definir o candidato democrata, a disputa está mais apertada.

    Em Iowa, cujo pleito acontece no dia 1° de fevereiro, a pré-candidata tem 47%, ante 43% do senador.

    No Estado de New Hampshire, cuja primária se dará em 9 de fevereiro, ele ganha de 48,5% a 41,8%.

    Negando terem sido pegos desprevenidos, o chefe da campanha da democrata, John Podesta, disse em e-mail no sábado (16): "Sempre soubemos que a corrida ficaria apertada, e é isso que está acontecendo agora".

    Mencionando os dois Estados-chave, Podesta afirmou: "Não duvide, podemos perder em ambos. Não sou alarmista. Sou realista."

    DEBATE

    No domingo (17), o debate realizado pela NBC News, em Charleston, na Carolina do Sul, teve na questão do controle da venda de armas um dos momentos mais acalorados. Sanders disse que Hillary era " hipócrita" ao acusá-lo de ser leniente com a indústria armamentista, mas ela não cedeu.

    "Ele votou pela imunidade dos fabricantes e vendedores, num projeto que a NRA [associação nacional de rifles] considerou a peça legislativa mais importante em 20 anos."

    Até então alternando elogios e críticas ao presidente Barack Obama, sua ex-subordinada defendeu o mandatário em diversos momentos do evento, em outra mudança observada por analistas como David Axelrod.

    Oito anos atrás, a mesma falta de cuidado com correligionários foi apontada como um dos fatores que levaram à derrota de Hillary para Obama nas primárias de 2008.

    Ex-assessor de Obama, Axelrod notou que, naquela campanha, no debate da Carolina do Sul, ela criticou o atual presidente por dizer que os EUA deveriam conversar com inimigos. Desta vez, apontou Axelrod, ela o defendeu "descaradamente".

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