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    Macri defende "novo tipo de relação" com britânicos, apesar de Malvinas

    DE SÃO PAULO

    19/01/2016 18h20

    O presidente da Argentina, Mauricio Macri, afirmou que pretende estabelecer "um novo tipo de relação" entre o país e o Reino Unido, apesar de manter a reivindicação histórica argentina sobre as Ilhas Malvinas.

    As relações entre Londres e Buenos Aires foram prejudicadas nos últimos anos devido aos embates constantes entre os governos do primeiro-ministro David Cameron e da presidente Cristina Kirchner.

    Victoria Egurza - 12.jan.2016/Xinhua
    O presidente da Argentina, Mauricio Macri, em entrevista coletiva na Casa Rosada em 12 de janeiro
    O presidente da Argentina, Mauricio Macri, em entrevista coletiva na Casa Rosada em 12 de janeiro

    Em entrevista aos jornais europeus "The Guardian" (Reino Unido), "La Stampa" (Itália) e "El País" (Espanha) publicada nesta terça-feira (19), Macri disse esperar que a disposição pelo diálogo das duas partes possa mudar.

    "Nós continuaremos com a reivindicação, mas eu tentarei começar um novo tipo de relação. Quero sentar e começar a falar sobre o assunto e, no entretempo, encontrar de que forma podemos cooperar", disse.

    Na entrevista, entretanto, ele evitou mencionar qualquer mudança na relação com os moradores das ilhas —que são britânicos e, em 2013, votaram em plebiscito para continuar a sê-lo.

    O tom conciliatório com os britânicos é demonstrado dias antes do encontro entre Macri e Cameron. Os dois vão se encontrar em paralelo ao Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, que começa na quarta (20). O principal ponto a ser discutido deverá ser o aumento da relação comercial entre os dois países.

    Em mensagem aos moradores das Malvinas publicada pelo jornal local "Penguin News" em dezembro passado, David Cameron disse esperar uma relação mais madura com a Argentina num governo Macri.

    "Ao mesmo tempo que quero as relações com a Argentina, para que todos se beneficiem, fica claro que não muda nem mudará nossa posição sobre seu direito à autodeterminação", disse, em referência aos malvinenses.

    Dessa forma, Mauricio Macri tenta repetir a política de manter a reivindicação pelas Malvinas junto com a boa relação com o Reino Unido, a exemplo do que fez o ex-presidente Carlos Menem (1989-1999).

    O mandatário argentino voltou a defender a necessidade de normalizar a economia e de alcançar um acordo com os credores que não aderiram à renegociação da dívida argentina, chamados no kirchnerismo de "fundos abutres".

    "Nós precisamos ser um país previsível e confiável. Nós precisamos mostrar aos investidores que seus direitos serão respeitados, da mesma forma que pediremos o respeito às leis argentinas", afirmou.

    VENEZUELA

    Questionado pelos jornalistas, Macri se recusou a se identificar como parte de uma nova corrente de direita na América do Sul, exemplificada também pela vitória da oposição na eleição parlamentar na Venezuela.

    "A minha prioridade é que os argentinos tenham melhores oportunidades. Se o que estamos fazendo aqui ajudar a região, melhor ainda. Eu tento construir a melhor relação possível e trabalhar em conjunto com países da região".

    Sobre os países vizinhos, disse não querer se envolver com questões internas, com uma exceção. "A única situação que não posso ser favorável é a falta de respeito aos direitos humanos na Venezuela".

    Quando os repórteres lembraram que nenhum presidente não peronista concluiu um mandato democrático nos últimos 50 anos, Macri respondeu: "Espere e verá".

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