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    Após fim de sanções, Irã ganha sessão especial no Fórum Econômico Mundial

    CLÓVIS ROSSI
    ENVIADO ESPECIAL A DAVOS

    20/01/2016 12h58

    O chanceler do Irã, Mohammad Javad Zarif, usou nesta quarta-feira (20) um tom moderado e conciliatório ao falar sobre política, regional e internacional, em sessão especial do encontro-2016 do Fórum Econômico Mundial, em Davos.

    A sessão nem constava do programa original do Fórum, mas foi rapidamente encaixada depois que, dois dias antes, foram oficialmente levantadas as sanções contra o país persa.

    Fabrice Coffrini/AFP
    Chanceler do Irã, Mohammad Javad Zarif, participa de sessão do Fórum Econômico Mundial, em Davos
    Chanceler do Irã, Mohammad Javad Zarif, participa de sessão do Fórum Econômico Mundial, em Davos

    Em um pronunciamento durante a sessão, Zarif, um dos grandes arquitetos do acordo, chegou até a repetir frase do presidente Barack Obama (líder de um país que ainda não tem relações com o Irã): "Diplomacia funciona" é a "mensagem global" que permitiu o acordo nuclear.

    Diplomacia é, aliás, a palavra de ordem de Zarif para solucionar a tremenda crise síria. Repetiu aos executivos os quatro pontos da proposta iraniana, que fazem todo o sentido, se se pudesse excluir o Estado Islâmico da equação.

    Ponto um: cessar-fogo (quem vai convencer o EI?). Ponto dois: governo de unidade nacional. Três: reforma constitucional. Quatro: eleição com base na nova Constituição.

    A proposta passa, inexoravelmente, pela aceitação pelos Estados Unidos da permanência do ditador Bashar al-Assad no poder até pelo menos a eleição.

    Zarif acha viável implementar o plano, a partir do argumento de que, se foi possível um acordo nuclear com os EUA, com o qual há pendências antigas, tem que ser possível entre países vizinhos.

    A seu lado, Mohammad Nahavandian, chefe de gabinete do presidente Hasan Rowhani, se comportava como autêntico caixeiro-viajando disposto a vender um país até há pouco tratado como pária pela comunidade internacional.

    No Fórum de Davos, o interesse dos 1.500 executivos de todas as grandes multinacionais que são a clientela do Fórum confirmou as novas perspectivas de negócios que se abrem para Teerã.

    Nahavandian anunciou para o público de Davos que o crescimento iraniano este ano será de ao menos 5%, mais, portanto, que a média mundial (3,4%, segundo a mais recente projeção do Fundo Monetário Internacional).

    Melhor ainda, verdadeira música para os ouvidos dos executivos: o objetivo do novo plano governamental é conseguir 8% na média para os próximos cinco anos.

    O funcionário iraniano foi sutil ao pedir investimentos no país: disse que os projetos de desenvolvimento serão financiados com capital próprio, mas também "damos as boas-vindas ao capital estrangeiro".

    Fim do isolamento iraniano

    No mesmo dia em que Zarif e Nahavandian se apresentavam em Davos, o chanceler saudita, Adel bin Ahmed Al_Jubeir, escrevia para o "New York Times": "A verdadeira questão é se o Irã quer viver sob as regras do sistema internacional ou permanecer um Estado revolucionário, comprometido com a expansão e o desafio à lei internacional".

    Zarif respondeu: "O Irã não é ameaça para ninguém". E aproveitou para alfinetar: "O gasto militar iraniano é um décimo do saudita".

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