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    Suprema Corte da Venezuela dá aval a decreto de emergência econômica

    SAMY ADGHIRNI
    DE CARACAS

    21/01/2016 00h03

    O Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela (TSJ), alinhado ao chavismo, aprovou nesta quarta-feira (20) o decreto de emergência econômica com o qual o presidente Nicolás Maduro pretende atribuir-se poderes especiais por ao menos dois meses.

    Mas o polêmico decreto, que daria carta branca ao governo para expropriar empresas e restringir o acesso a dinheiro, também transita pela Assembleia Nacional, onde enfrenta resistência da nova maioria opositora.

    Miraflores Palace/Handout/Reuters
    O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, discursa a empresários em Caracas nesta terça-feira (19)
    O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, discursa a empresários em Caracas nesta terça-feira (19)

    O TSJ, que teve 13 de seus 32 juízes recentemente substituídos por magistrados com vínculos com o chavismo, considerou que o pedido de Maduro é constitucional.

    Em nota, o TSJ disse que o decreto "atende de forma prioritária aspectos da segurança econômica [...] e se revela pertinente para o exercício do desenvolvimento integral do direito à proteção social por parte do Estado."

    Segundo a corte, a gravidade da situação econômica (desabastecimento generalizado, inflação de três dígitos e recessão) justifica o pacote solicitado pelo Executivo no último dia 14 de janeiro.

    Além de amparar confiscos de patrimônio privado, o decreto também permitiria ao presidente manejar orçamento sem aval parlamentar.

    Segundo críticos, a manobra busca radicalizar o modelo chavista de controles da economia e hostilidade ao setor produtivo, que muitos enxergam como responsável pela grave crise no país.

    Em tese, a Assembleia Nacional tem até sexta-feira (22) para se pronunciar sobre o decreto, mas a legislação prevê extensão do prazo em caso de necessidade.

    O Parlamento poderá aprová-lo (hipótese improvável diante da ampla maioria antichavista), rejeitá-lo ou pedir que seja alterado.

    Nesta quarta, uma comissão parlamentar composta de governistas e oposição começou a analisar o decreto.

    O chefe da comissão, o deputado opositor Ricardo Guerra, atacou a premissa de Maduro de que a grave situação econômica é fruto da queda dos preços do petróleo em cerca de 70% desde 2014.

    "Essa crise que começa em 2013 não coincide com a queda do preço do petróleo porque o preço se manteve naquele ano em US$ 110 por barril. Em 2014, os preços se mantiveram [...], e a economia só caía. A queda do preço não explica a crise."

    O deputado chavista Hector Rodríguez acusou Guerra de tomar posição em vez de discutir o mérito. "Podemos passar horas debatendo as causas desta emergência, o fato concreto é que o barril está em US$ 21,83 e isso debilita a economia."

    ASSASSINATO

    Na noite de terça (19), o jornalista chavista Ricardo Durán, ex-chefe de imprensa do Parlamento e atual assessor de Comunicação do Distrito Capital, que abrange Caracas, foi assassinado numa aparente tentativa de assalto.

    Maduro insinuou no Twitter que a oposição está por trás do assassinato.

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