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    Premiê da Espanha desiste de formar novo governo

    DIOGO BERCITO
    EM MADRI

    22/01/2016 17h46 - Atualizado às 19h34

    O premiê espanhol em exercício Mariano Rajoy desistiu na sexta-feira (22) da tentativa de formar o próximo governo do país. O rei Felipe 6º lhe havia oferecido a tarefa após encontros com membros de outros partidos.

    O conservador PP (Partido Popular), do qual Rajoy é líder, recebeu a maior parte dos votos nas eleições de dezembro passado, mas não o suficiente para montar um governo sozinho. Esse partido não conseguiu, nas últimas semanas, garantir um acordo com outras siglas.

    Andres Ballesteros/Reuters
    O rei da Espanha, Felipe 6º (à esquerda), recebe o premiê do país, Mariano Rajoy, nesta sexta (22)
    O rei da Espanha, Felipe 6º (à esquerda), recebe o premiê do país, Mariano Rajoy, nesta sexta (22)

    Rajoy não descarta ser novamente primeiro-ministro, mas ele diz não ter, agora, o apoio necessário para tal. O PP recebeu 123 cadeiras, e precisa de 176 para formar um governo. Sua tentativa provavelmente seria derrotada em voto no Congresso.

    Rajoy reuniu-se com o rei Felipe 6º por mais de uma hora na sexta-feira. O monarca volta a se reunir com candidatos a partir de quarta (27).

    A recusa do premiê abre caminho para um governo liderado por Pedro Sánchez, líder do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol). Em uma aliança entre partidos de esquerda, Pablo Iglesias, líder do Podemos, poderia ser o vice-premiê do país.

    IMPASSE INÉDITO

    O impasse é inédito na Espanha. O país passa por um momento de transformações históricas. Nas eleições de dezembro, o bipartidarismo afundou e viu emergirem partidos como Podemos e Cidadãos, de centro-direita.

    O Podemos, novato no panorama político, é herdeiro dos movimentos sociais no país. Os resultados insatisfatórios do PP estão ligados a crises e a escândalos de corrupção.

    A incerteza política incomoda vizinhos no bloco europeu, que aguardam que a Espanha forme governo. Depois de anos de dura crise, o país aos poucos deixa para trás a crise econômica, com previsão do Fundo Monetário Internacional de crescimento de 2,7% em 2016.

    Em conversa com a imprensa, após sua negativa, Rajoy criticou a possibilidade de um governo liderado pelo PSOE e incluindo o Podemos, que não seria "moderado nem centrado". Ele advertiu, ademais, que será difícil a esquerda governar diante da maioria de assentos que o PP controla hoje no Senado.

    Há outras dificuldades envolvidas na formação de um governo do PSOE. O Podemos anteriormente havia estabelecido uma série de condições para participar de uma parceria, como uma consulta sobre a independência catalã, um tema delicado para a política local.

    Para ter a maioria no governo, seria preciso também aliar-se a partidos menores. O PSOE recebeu 90 cadeiras em dezembro. O Podemos teve 69, se incluídos na conta os seus parceiros regionais.

    O PP defende, como alternativa, a formação -por ora improvável- de uma aliança com PSOE e Cidadãos, somando assim 253 deputados.

    Albert Rivera, líder do Cidadãos, reagiu à renúncia de Rajoy por Twitter afirmando que o PSOE "deve decidir se busca acordos na centralidade e no constitucionalismo ou em partidos separatistas".

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