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    Segundo na eleição presidencial portuguesa pede aliança de esquerda

    DIEGO ZERBATO
    DE SÃO PAULO

    24/01/2016 02h00

    Segundo colocado nas pesquisas para a eleição presidencial de Portugal, o ex-reitor da Universidade de Lisboa António Sampaio da Nóvoa, 61, tenta forçar o segundo turno com Marcelo Rebelo de Sousa no fim da campanha.

    Com 17% das intenções de voto (contra mais de 50% do líder), o candidato independente recebeu o apoio do premiê António Costa, mas divide o eleitorado de esquerda com Maria de Belém Roseira.

    Patricia de Melo Moreira/AFP
    O ex-reitor da Universidade de Lisboa António Sampaio da Nóvoa faz campanha na capital portuguesa
    O ex-reitor da Universidade de Lisboa António Sampaio da Nóvoa faz campanha na capital portuguesa

    Em entrevista à Folha na última quarta-feira (20), Sampaio da Nóvoa disse que, como em pleitos anteriores, a esquerda deverá se unir com quem for para o segundo turno —ele é quem tem maiores chances.

    Em Portugal, teve o respaldo dos ex-presidentes Ramalho Eanes, Mário Soares e Jorge Sampaio. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) (ele é doutor honoris causa da Universidade de Brasília) —são os brasileiros que o apoiam.

    Leia trechos da entrevista:

    *

    Folha - Apesar da situação econômica ruim, Portugal parece melhor que países com crises similares. Como o senhor vê a política de austeridade do governo passado?

    António Sampaio da Nóvoa - Elas prejudicaram muito Portugal. Houve equilíbrio de contas públicas, mas no médio e longo prazo temos baixo crescimento, jovens qualificados e cientistas emigrando, muitas empresas saindo do país. É preciso inverter essa situação.

    ELEIÇÕES EM PORTUGAL - País vota para presidente neste domingo, 24

    Como ficaria a relação com o governo de António Costa?

    Desde a Revolução [dos Cravos, em 1974], nunca tivemos um governo com maioria de partidos à esquerda. Devemos olhar para isso com prudência mas também confiança, respeitando alternativas e construindo consensos.

    Como vê as alianças para um segundo turno?

    Há uma tradição na esquerda portuguesa de vários candidatos. O primeiro turno funciona como uma primária. A união em torno de apenas um candidato deverá se dar naturalmente.

    Como seria possível tirar a vantagem de Rebelo de Sousa?

    Se olharmos a história, é mais difícil passar para o segundo turno que ganhá-lo. Se ele não ganhar no primeiro turno, a eleição está aberta.

    Vê possibilidade de nova eleição se um dos partidos da aliança deixar o governo?

    Temos muita confiança de que vai ser possível fazer com que este governo dure uma legislatura [quatro anos]. Se não acontecer, vamos tomar medidas adequadas para o bem de todos os portugueses.

    Como vê a relação com Brasil?

    O Brasil é uma dimensão central de Portugal. Nos últimos 40 anos, Portugal ficou muito virado para a Europa, que é essencial para nós. Mas precisamos entrar numa fase atlântica, de relação privilegiada com o Brasil e com os países que falam português.

    O sr. apoia a proposta de conceder cidadania a filhos de netos de portugueses?

    Apoio. Precisamos inclusive caminhar para uma cidadania dos países da língua portuguesa com direitos iguais para todos.

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