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    Itália é criticada por cobrir estátuas nuas em visita do presidente do Irã

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    26/01/2016 18h25

    O primeiro-ministro da Itália, Matteo Renzi, foi duramente criticado nesta terça (26) por mandar cobrir as estátuas de mulheres nuas dos Museus Capitolinos, em Roma, durante a visita do presidente do Irã, Hasan Rowhani, na segunda-feira (25).

    Entre as obras de arte cobertas com painéis brancos, a pedido das autoridades iranianas, estava a Vênus Capitolina, estátua de uma mulher nua datada do século 2º antes de Cristo.

    Segundo fontes oficiais, a decisão de cobrir as estátuas do Capitólio, região histórica da capital italiana, foi tomada por respeito ao visitante, líder político e clérigo muçulmano xiita.

    De acordo com o jornal italiano "Il Messagero", a delegação do Irã também pediu que a entrevista coletiva de Rowhani e Renzi não fosse realizada diante da estátua equestre em bronze do imperador Marco Aurélio, como havia sido programado –o motivo seriam os genitais da escultura do cavalo.

    Especialistas em arte e políticos tanto à esquerda como à direita atacaram as concessões feitas pelo governo –na reunião, também não houve menção por parte da Itália às violações de direitos humanos das quais o Irã é acusado.

    Com o cumprimento do acordo nuclear entre o Irã e as potências ocidentais e o fim das sanções econômicas, a expectativa da Itália é firmar com o país persa acordos comerciais que podem chegar a € 17 bilhões (R$ 75,4 bilhões).

    "Não se pode esconder a própria cultura, a própria religião ou a própria história. Foi uma decisão equivocada", declarou o arqueólogo Giuliano Volpe, presidente do Conselho Superior para os Bens Culturais do ministério italiano da Cultura.

    "Respeito por outras culturas não pode significar a negação da nossa", disse o parlamentar Luca Squeri, do Forza Italia, partido de centro-direita do ex-premiê Silvio Berlusconi. "Isso não é respeito, é anulação das diferenças. É uma espécie de rendição", acrescentou.

    Gianluca Peciola, do partido Esquerda, Ecologia e Liberdade, cobrou do premiê explicações sobre a medida, que chamou de "decisão vergonhosa, mortificação da arte e da cultura como valores universais".

    No ano passado, Renzi, que é ex-prefeito de Florença, já havia sido criticado por cobrir as estátuas renascentistas da prefeitura da cidade durante a visita do príncipe herdeiro dos Emirados Árabes.

    Rowhani, que se encontrou com o papa Francisco nesta terça, visitará na quarta (27) o presidente francês, François Hollande. Em Paris, no entanto, não foram programadas refeições com as autoridades porque o governo não aceitou o pedido iraniano de retirar o vinho da mesa.

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