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    Campanha acirrada nos EUA tem início no sonolento Estado de Iowa

    MARCELO NINIO
    ENVIADO ESPECIAL A DES MOINES (IOWA)

    01/02/2016 02h00

    O radar político do mundo estará voltado nesta segunda (1º) para locais remotos com nomes exóticos, como Keokuk, Mahaska e Cerro Gordo, alguns dos 99 condados do Estado americano de Iowa.

    É a abertura oficial da campanha presidencial dos EUA e, como ocorre desde os anos 70, as prévias dos partidos em Iowa serão o primeiro teste para os pré-candidatos.

    Scott Morgan/Reuters
    O vendedor Anthony Winthrop segura bandeiras de Donald Trump em evento de campanha em Iowa
    O vendedor Anthony Winthrop segura bandeiras de Donald Trump em evento de campanha em Iowa

    Na sonolenta Des Moines, a capital do Estado, os moradores já se habituaram a ser o centro das atenções a cada quatro anos, mas isso não diminui o orgulho e a sensação de responsabilidade.

    Alguns se irritam quando alguém considera exagerada a importância de Iowa, que tem menos de 1% da população dos EUA e apenas seis votos dos 538 do Colégio Eleitoral que escolhe o presidente.

    "Claro que ser o primeiro faz a diferença, mas o voto de Iowa tem influência porque o país confia em nós. Somos o sal da terra", sorri o caminhoneiro Philip Creek, 61, um dos cerca de 250 mil eleitores registrados para as prévias.

    MÉDIA DAS PESQUISAS PARA IOWA - Republicanos (em %)

    Ele está decidido a apoiar o senador Bernie Sanders, que tem desafiado o favoritismo da ex-secretária de Estado, Hillary Clinton, na disputa democrata. "Bernie fala dos problemas do cidadão comum. Não confio em Hillary."

    Após meses de aquecimento em comícios e debates, os dois principais partidos chegam à largada oficial da campanha com disputas acirradas pela vitória em Iowa.

    De acordo com pesquisa do jornal local "Des Moines Register" e da Bloomberg, Hillary tem 45% da preferência dos eleitores em Iowa, contra 42% de Sanders. No Partido Republicano, o empresário Donald Trump recuperou o terreno perdido para o senador ultraconservador Ted Cruz e lidera, com 28%. Cruz aparece em segundo, com 23%, seguido do também senador Marco Rubio (15%).

    "Trump pode vencer em Iowa, mas terá pouco espaço para erro. Ele não é a segunda opção de quase ninguém", diz o estrategista republicano Stuart Stevens, que trabalhou em cinco campanhas presidenciais. Apesar de contar com os eleitores mais fiéis, o magnata tem os maiores níveis de rejeição. Na pesquisa do "Register", só 7% o apontam como segunda opção.

    'MOMENTUM'

    Entre analistas, uma palavra é sempre a mais repetida para explicar a importância de um bom desempenho em Iowa: "momentum". Em português é algo como ímpeto, o empurrão inicial de que as candidaturas precisam para ganhar musculatura nas próximas prévias dos partidos.

    Muitos atribuem a relevância de Iowa à imprensa, já que a atenção dada aos vencedores no Estado costuma atrair os votos e o financiamento necessários para ir adiante.

    "A campanha está só começando, e espero que Iowa ajude a mudar a narrativa até agora", diz a estudante Suzan Olmer, 22, que apoiará o ex-senador republicano Rick Santorum. "A mídia só fala em Trump. Mas, se ele perder aqui, a história pode mudar."

    MÉDIA DAS PESQUISAS PARA IOWA - Democratas (em %)

    Ironicamente, o candidato de Suzan é um exemplo de que o resto do país nem sempre segue Iowa. Na última campanha, em 2012, Santorum ganhou a disputa republicana no Estado, mas acumulou derrotas em prévias seguintes e abandonou a disputa três meses depois. O empresário Mitt Romney foi o indicado do partido, mas não conseguiu evitar a reeleição do presidente Barack Obama.

    Das últimas sete campanhas presidenciais, só em duas o vencedor republicano em Iowa foi o nomeado do partido. Para os democratas, o Estado fornece previsão mais exata: cinco dos últimos candidatos do partido começaram com vitória em Iowa.

    Jornalistas de vários países lotam os hotéis da capital, e muitos outros percorrem o interior do Estado com os pré-candidatos. Caminhões das emissoras de TV e ônibus dos candidatos circulam pela cidade, mas pouco alteraram a pacata rotina de Des Moines.

    De olho no circo de mídia que só voltará em 2020, uma loja pôs à venda camisetas para jornalistas com dizeres irônicos, como "Eu não entrevistei você há quatro anos?".

    *

    O QUE SÃO

    Caucus (caso de Iowa)

    São assembleias de eleitores. Membros dos partidos escolhem o melhor candidato após debates e votações

    Primárias

    Participantes votam no candidato preferido. Alguns Estados têm votação aberta; em outros, só filiados aos partidos votam

    O passo seguinte

    A escolha dos candidatos não é direta: tanto primárias como caucuses elegem delegados, que confirmam os vencedores das prévias nas convenções nacionais dos partidos

    Onde fica Iowa

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