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    Partido de ganhadora do Nobel da Paz toma posse no Legislativo de Mianmar

    DA AFP, EM NAYPYIDAW

    01/02/2016 09h33

    Mianmar entrou em uma nova era nesta segunda-feira (1º) com a posse de um Parlamento dominado pelo partido de Aung San Suu Kyi, que vai formar o primeiro governo após eleições livres depois de décadas de uma junta militar.

    Os 390 deputados da Liga Nacional para a Democracia (LND), com roupas de cor laranja, foram à sede do Legislativo, em Naypyidaw, assinar a presença, que marca a posse dos parlamentares depois da eleição de novembro.

    Ye Aung Thu/AFP
    A ganhadora do Nobel da Paz Aung San Suu Kyi chega ao Parlamento de Mianmar nesta segunda
    A ganhadora do Nobel da Paz Aung San Suu Kyi chega ao Parlamento de Mianmar nesta segunda

    "Hoje é um dia para história política de Mianmar do qual podemos estar orgulhosos", afirmou Win Myint, deputado da LND, eleito presidente da Câmara dos Deputados.

    "Trabalharemos para que os direitos humanos e a democracia sejam respeitados e para restabelecer a paz", afirmou Nyein Thit, deputado da LND.

    Mianmar, país de 51 milhões de habitantes, que em sua maioria espera grandes mudanças após governos dominados pelos militares praticamente desde a independência em 1948, é uma das nações mais pobres da região.

    Áreas como saúde e educação estão em ruínas e apenas 30% da população tem acesso à energia elétrica. A nova maioria parlamentar, que inclui médicos, professores e poetas, tem muito a aprender e trabalhar nos próximos anos.

    Apenas 20 deputados da LND têm experiência parlamentar, entre eles a ganhadora do Prêmio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, que passa de chefe da oposição a líder da maioria no Parlamento.

    Ela entrou para o Parlamento após as legislativas parciais organizadas em 2012 como um primeiro sinal de boa vontade do governo de transição. "É um momento histórico para o país", disse o analista político Khin Zaw Win.

    "Por isto que lutamos durante tantos anos. Mas agora que chegou o momento, as preocupações se acumulam", completou, antes de dizer que Suu Kyi e seus companheiros terão a missão de trabalhar o mais rápido possível.

    PRESIDÊNCIA

    A primeira missão do Parlamento é a eleição do presidente do país, cargo que Suu Kyi não pode assumir, de acordo com a Constituição.

    A vencedora do Nobel da Paz não pode aspirar o cargo porque um artigo da Constituição veta a função às pessoas com filhos de nacionalidade estrangeira. A líder política birmanesa tem dois filhos britânicos.

    Até o momento, a LND não anunciou quem será o candidato do partido à presidência. Aung San Suu Kyi, no entanto, advertiu antes das eleições que estará "acima do presidente".

    Os militares continuam sendo atores fundamentais na vida política do país e, graças à Constituição de 2008, ocupam 25% das cadeiras do Parlamento, sem eleição. Como a alteração exige mais de 75% dos votos, Aung San Suu Kyi não poderá mudar a Carta Magna sem o apoio dos militares.

    O comandante do Exército também controla alguns ministérios chave, como Defesa e Interior.

    Aung San Suu Kyi terá margem na diplomacia, saúde e educação, três setores da política birmanesa devastados por décadas de ditadura militar, apesar da abertura do país desde 2011.

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