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    Iowa mostra que Hillary terá dura batalha por apoio democrata

    JOHN WHITESIDES
    DA REUTERS, EM DES MOINES, IOWA

    02/02/2016 17h13

    A dificuldade que Hillary Clinton encontrou em Iowa para bater o rival Bernie Sanders, que se descreve como socialista democrático, despertou novamente as questões sobre sua capacidade de garantir o apoio dos eleitores democratas e renovou a pressão quanto à sua candidatura chapa branca à Presidência.

    A favorita à indicação presidencial democrata, que em 2008 viu sua campanha sair dos trilhos ao ser derrotada por Barack Obama em Iowa, sofreu novo revés nesta segunda-feira (1º) no Estado da região centro-oeste no qual começa a corrida presidencial de 2016.

    Hillary, 68, que foi secretária de Estado de Obama, terminou o caucus virtualmente empatada com Sanders, 74, senador por Vermont.

    A próxima primária acontece em New Hampshire, no próximo dia 9.

    Sanders vêm liderando nas pesquisas de opinião pública do Estado e tem vantagem lá porque New Hampshire fica ao lado de Vermont, o Estado que ele representa no Senado. Uma derrota de Hillary faria com que surgissem os primeiros sinais de alerta entre seus partidários.

    "Ela vem contando com todas as vantagens estruturais e organizacionais, e Sanders ainda assim conseguiu um empate", disse Dan Schnur, diretor do Instituto Jesse M. Unruh de Política, na Universidade do Sul da Califórnia.

    "Estamos assistindo a um retorno passo a passo das primárias de 2008", disse Schnur. "A diferença é que a oposição que ela enfrenta desta vez não é tão dura".

    Em seu comício pós-primária, Hillary insistiu no fato de que ela era a candidata capaz de unificar o partido e derrotar no rival republicano na eleição presidencial de 8 de novembro, mas a sensação de decepção era palpável.

    O discurso, contido, de seis minutos, que ela fez contrastou com o tom entusiástico de Sanders, que falou por 16 minutos.

    ABANDONO DE PLANOS

    Sem vitória clara a anunciar, a campanha de Hillary abandonou o plano de colocar o marido da candidata, o ex-presidente Bill Clinton, e a filha do casal, Chelsea, no microfone para apresentá-la.

    Em lugar disso, os dois ficaram ao lado de Hillary –com Bill Clinton usando seu broche de campanha de cabeça para baixo.

    Os assessores de Hillary retiraram o ponto eletrônico do palanque no último minuto, disseram partidários da candidata na Universidade Drake à Reuters, em mais uma indicação de mudança de planos pouco antes do discurso.

    Embora a disputa em Iowa viesse se tornando mais acirrada nas últimas semanas, os assessores de Hillary pareciam confiar em uma pesquisa do jornal "Des Moines Register" e da Bloomberg que, no final de semana, a mostrava três pontos à frente do rival entre os eleitores que provavelmente participariam do caucus.

    Nas primeiras horas da manhã desta terça-feira (2), a distância entre Hillary e Sanders era de menos de um ponto percentual.

    Larry W. Smith - 1º.fev.2016/Efe
     (ESTADOS UNIDOS) 02/02/2016.- El senador por Vermont y candidato presidencial estadounidense Bernie Sanders se dirige a sus seguidores ayer, 1 de febrero de 2016, durante un acto de campaña en la noche de los caucus de Iowa en Des Moines, Iowa (EE.UU.). El senador independiente por Vermont Bernie Sanders dijo hoy haber logrado un "empate virtual" contra su rival y favorita a la nominación demócrata a la Casa Blanca, Hillary Clinton, en los caucus de Iowa, que abrieron el proceso de primarias en EEUU. EFE/Larry W. Smith ORG XMIT: LWS110
    Bernie Sanders fala a simpatizantes em Des Moines, Iowa

    A disputa era tão acirrada que diversos distritos tiveram de seguir uma recomendação do Partido Democrata no Estado e decidir no cara ou coroa se Hillary ou Sanders tinha a maioria dos votos –e com isso um delegado a mais na convenção presidencial democrata.

    A rede de notícias MSNBC terminou por anunciar vitória de Hillary perto das 3h, e o diretor da campanha dela no Estado, Matt Paul, divulgou um comunicado declarando vitória "inequívoca".

    Pesquisas de opinião pública continuam a mostrar que Hillary desperta menos entusiasmo do que Sanders e do que os rivais republicanos, cuja disputa atraiu participação recorde do eleitorado de Iowa.

    Os eleitores têm dúvidas persistentes sobre sua honestidade e confiabilidade, depois de meses de controvérsia sobre o uso que ela fez de um servidor privado de e-mail para funções de governo quando era secretária de Estado.

    Sanders, que lançou sua campanha nove meses atrás com uma pequena entrevista coletiva no Congresso à qual poucos jornalistas compareceram, empolgou os ativistas mais progressistas com sua mensagem de rejeição à elite e apelos pela erradicação da desigualdade de renda, pelo desmonte dos grandes bancos e pelo ensino superior gratuito.

    UM MOVIMENTO POPULAR

    Iowa é um bom Estado para testar essa mensagem, dadas as inclinações progressistas dos ativistas democratas que dominam o processo de primárias. Pesquisas de boca de urna com os votantes em Iowa demonstram que 68% deles se descrevem como muito ou um tanto progressistas.

    Os números sobre arrecadação de verbas de campanha reportados no domingo por Sanders demonstram o quanto sua campanha se transformou em um movimento popular.

    Hillary arrecadou mais do que ele –sua campanha obteve US$ 109 milhões em doações no ano passado ante os US$ 73,5 milhões de Sanders. Mas 75% do total obtido pelo senador veio de doações de US$ 200 ou menos, ante apenas 18% no caso de Hillary, e proporção muito maior dos doadores dela atingiu o limite legal de US$ 2,7 mil em doação de campanha.

    Ainda assim, Sanders enfrentará desafios significativos quando a disputa pela indicação democrata se transferir a Estados mais diversificados –como Nevada e Carolina do Sul– antes de chegar a 11 Estados em uma mesma noite na "Super Terça-Feira" de 1º de março, entre os quais sete no sul, onde a vantagem de Hillary entre os eleitores negros pode começar a se manifestar.

    "Iowa é um Estado feito para Bernie Sanders", disse o estrategista democrata Joe Trippi, que afirmou, mesmo assim, que o forte desempenho do candidato significava que "a disputa durará mais do que Hillary desejaria".

    Tradução de PAULO MIGLIACCI

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