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    Preconceito contra muçulmanos fere os EUA, diz Obama em mesquita

    THAIS BILENKY
    DE NOVA YORK

    03/02/2016 16h51 - Atualizado às 22h34

    Em seu último ano de governo, o presidente Barack Obama visitou nesta quarta (3), pela primeira vez oficialmente, uma mesquita nos Estados Unidos e criticou a discriminação religiosa e discursos políticos que a fomentam.

    Em discurso na Sociedade Islâmica de Baltimore, o presidente criticou a reação violenta contra muçulmanos após atentados terroristas como o de San Bernardino (Califórnia), em dezembro, e o de Paris, em novembro.

    Sem citar nomes, Obama afirmou que é necessário "rejeitar a política que pretende manipular o fanatismo".

    Jonathan Ernst/Reuters
    Presidente dos EUA, Barack Obama, discursa na mesquita da Sociedade Islâmica de Baltimore
    Presidente dos EUA, Barack Obama, discursa na mesquita da Sociedade Islâmica de Baltimore

    A campanha eleitoral em curso tem sido marcada por propostas consideradas discriminatórias como a de vigiar e fechar mesquitas, impedir a entrada de refugiados sírios ou mesmo a de qualquer muçulmano, no caso do empresário Donald Trump.

    Obama associou atentados terroristas a uma visão distorcida do islamismo –discurso que alguns religiosos rechaçam por considerarem que quem pratica tais atos não é identificado como parte da comunidade de fé.

    "Precisamos reconhecer que, mesmo que a maioria do mundo muçulmano adote o islã como fonte de paz, é inegável que uma fração pequena dos muçulmanos propague uma interpretação pervertida do islã. Essa é a verdade", disse o presidente.

    Organizações terroristas como Al Qaeda, responsável pelo 11 de Setembro, e Estado Islâmico, por trás dos ataques em Paris, não são as primeiras a fazer "mau uso do nome de Deus", afirmou Obama, e "o ataque a uma religião é um ataque a todas".

    O presidente criticou as "falsas alegações" de que os Estados Unidos e o Ocidente estejam em guerra com o islamismo e defendeu integração social mais saudável.

    A comunidade muçulmana há anos cobrava o gesto de Obama como um aceno contra a islamofobia.

    Analistas atribuíam a resistência do presidente ao fato de ele a extrema direita afirmar que ele é muçulmano e esconde o fato. Obama se diz cristão e frequenta igrejas evangélicas.

    O Cair (Conselho de Relações Islâmicas-Americanas, na sigla em inglês), maior organização civil muçulmana do país, elogiou a iniciativa.

    "Aplaudimos suas declarações rejeitando a retórica antimuçulmana e lembrando a longa história do islamismo na nossa nação", disse o diretor da entidade, Nihad Awad.

    "Presidentes visitando mesquitas não acabarão com a islamofobia", ponderou a ativista Linda Sarsour. A discriminação está "institucionalizada e mais trabalho precisa ser feito", afirmou.

    Mandel Ngan/AFP
    Líder dos EUA, Barack Obama, participa de mesa-redonda com membros da comunidade muçulmana
    Líder dos EUA, Barack Obama, participa de mesa-redonda com membros da comunidade muçulmana
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