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    França quer dar mais poder a policiais e prolongar estado de emergência

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    03/02/2016 18h37

    Entre outras propostas contra ações terroristas, o governo da França apresentou nesta quarta-feira (3) um projeto de lei para permitir que policiais usem suas armas para "neutralizar alguém que acaba de cometer um ou vários assassinatos e provavelmente repetirá esses crimes".

    As medidas foram apresentadas em uma reunião do gabinete de governo e requerem agora a aprovação do Parlamento. As votações devem ocorrer no dia 9 no Senado e no dia 16 na Assembleia Nacional.

    Atualmente, a autodefesa é a única justificativa legal para um policial francês atirar em alguém.

    Pela proposta, um agente poderia a partir de agora alvejar um atirador que disparou contra civis e é provável que o faça novamente em um período muito curto de tempo.

    Patrick Kovarik - 2.fev.2016/AFP
    Government spokesperson Stephane Le Foll speaks during a session of questions to the government at the French National Assembly on February 2, 2016 in Paris. AFP PHOTO / PATRICK KOVARIK ORG XMIT: PSD227
    O porta-voz do governo francês, Stephane Le Foll, fala deputados na Assembleia

    ESTADO DE EMERGÊNCIA

    Em outro projeto, o governo de François Hollande quer prolongar por mais três meses o estado de emergência, que foi decretado logo após os ataques de 13 de novembro em Paris.

    "A ameaça terrorista ainda é extremamente alta na França e na Europa", disse o porta-voz do governo, Stephane Le Foll, durante a apresentação dos projetos. "O estado de emergência é necessário. Ele tem sido útil e deve continuar sendo."

    O estado de emergência, que já foi prorrogado uma vez, deve terminar no dia 26 deste mês.

    Ele amplia os poderes da polícia para realizar detenções e buscas e permite às autoridades proibir a circulação de pessoas e veículos em horários e locais específicos.

    Em uma declaração por escrito, o presidente Hollande disse que uma extensão de três meses é justificada pela necessidade de enfrentar a "ameaça terrorista".

    As propostas também tornam mais fácil para a polícia realizar incursões à noite e fazer buscas em bagagens e em veículos perto de locais "sensíveis".

    Desde que o estado de emergência foi instaurado, 3.289 batidas policiais foram realizadas, levando a 571 investigações judiciais –a maioria por uso de drogas ou posse de armas não autorizadas.

    A extensão do estado de emergência é criticada por grupos de direitos humanos como sendo prejudicial à democracia.

    No sábado, milhares de pessoas marcharam em Paris para protestar contra a extensão do estado de emergência.

    A Anistia Internacional salientou que "o estado de emergência não pode ser uma solução permanente" e que ele "traz prejuízo às liberdades fundamentais".

    "Nós não devemos desistir de nossos direitos e de nossa liberdade", declarou em nota a Liga dos Direitos Humanos da França.

    Nesta quarta, o Conselho da Europa, que não é uma instituição da União Europeia, disse que o estado de emergência permitiu "abusos" por parte da polícia. O conselho pediu que a situação não seja "perenizada".

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