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    Tribunal de Israel condena jovens à prisão perpétua por matar palestino

    DA AFP

    04/02/2016 16h07

    Um tribunal de Israel condenou nesta quinta-feira (4) dois jovens israelenses à prisão perpétua e a 21 anos de prisão, respectivamente, por terem queimado vivo um adolescente palestino, fato que foi um dos desencadeantes da guerra de Gaza em 2014.

    O veredicto neste caso era esperado com atenção entre os palestinos, em um momento de crescente tensão e que foram registrados incidentes violentos nos últimos dias.

    Atef Safadi/Efe
    A mãe de Mohammed Abud Khdeir (ao centro, com as mão na cabeça) ouve a sentença para os réus no caso do assassinato de seu filho
    A mãe de Mohammed Abud Khdeir (ao centro, com as mão na cabeça) ouve a sentença para os réus no caso do assassinato de seu filho

    Os dois israelenses eram menores de idade na época do ataque, no qual, junto a um terceiro homem, sequestraram Mohammed Abu Khdeir, de 16 anos, em 2 de julho de 2014 em uma rua de Jerusalém e depois o mataram.

    O colono israelense Yosef Haim Ben David, de 31 anos, é considerado o líder do ataque contra Abu Khdeir, mas seus advogados afirmam que ele sofre de transtornos mentais e que não seria responsável por seus atos no momento do crime.

    O tribunal deliberou que este terceiro homem cometeu o crime, mas ainda deve determinar se era ou não mentalmente capaz.

    O nome dos dois outros acusados, de famílias ultraortodoxas judias, foi mantido em sigilo por serem menores na época do crime.

    A pena máxima que um tribunal israelense pode proferir é a prisão perpétua.

    Suha, a mãe de Abu Khdeir, gritou quando o tribunal anunciou a sentença.

    Tanto ela quanto o seu marido, Hussein, criticou a decisão de condenar um dos responsáveis a 21 anos de prisão.

    "É da vida de Mohammed que estamos falando. Ele não merecia isso. Não dormimos mais à noite. Como poderemos voltar a ter sono depois disso?", lamentou.

    Crescente tensão

    Abu Khdeir foi espancado e levado de carro a um bosque perto de Jerusalém, onde foi molhado com combustível. A autópsia demonstrou que o adolescente ainda estava vivo quando foi queimado.

    Ben David havia dito aos investigadores que quis vingar o assassinato três semanas antes de três adolescentes israelenses sequestrados na Cisjordânia.

    O assassinato de Abu Khdeir contribuiu para a escalada da violência que levou à guerra de Gaza em julho-agosto de 2014, um conflito que durou 50 dias.

    O veredito foi emitido em um momento de crescente tensão. Nesta quinta-feira, as forças israelenses bloquearam a pequena cidade de Qabatiya, na Cisjordânia, onde residiam as três adolescentes que mataram um guarda fronteiriço e feriram outro na quarta-feira.

    "Qabatya está isolada. O exército e o Shin Beth (as forças de segurança) estão realizando várias prisões", anunciou na quarta-feira o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu em Jerusalém.

    Netanyahu também revogou as permissões de trabalho de vários palestinos em Israel e acrescentou nomes à lista de casas que serão demolidas, um castigo que se aplica aos familiares de pessoas que são acusadas de terrorismo.

    Na noite da quarta-feira, o Exército israelense realizou uma ampla operação em Qabatiya para prevenir qualquer incidente.

    Na Primeira Intifada, esta localidade foi particularmente ativa nos levantamentos. Na onda de violência que começou em outubro de 2014, que deixou 164 palestinos mortos e 26 israelenses, além de um eritreu e um americano, vários residentes de Qabatiya morreram.

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