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    Vice

    Refugiados na Dinamarca mostram seus bens mais valiosos

    LARS JELLESTAD
    DA VICE

    04/02/2016 22h04

    Matéria publicada originalmente na VICE Dinamarca.

    No dia 26 de janeiro, a maioria do Parlamento Dinamarquês ratificou um extenso endurecimento das leis de asilo no país, uma tentativa de tornar a Dinamarca um destino menos atraente para refugiados e imigrantes.

    Entre outras coisas, a lei L87 estende o período de espera obrigatório pelo direito de reunir famílias de um para três anos, cortou o apoio financeiros para requerentes de asilo em 10% e encurtou as permissões de residência para futuros requerentes de asilo.

    Além disso, a lei vai permitir que a polícia confisque bens dos refugiados. A medida serviria para financiar a estadia dos refugiados no país enquanto eles buscam asilo.

    Os dinamarqueses apelidaram essa parte da nova lei de Ato da Joalheria, e isso também foi o que causou mais ultraje internacional em torno da controversa lei.

    A Dinamarca não recebia esse tipo de atenção desde quando o jornal "Jyllands-Post" decidiu publicar cartoons do profeta Maomé dez anos atrás.

    E, assim como naquela época, a notícia sobre a nova lei L87 não é exatamente o tipo de atenção internacional que faz as pessoas estourarem champanhe nas agências de turismo locais.

    Alguns podem argumentar contra a legitimidade da mídia em comparar os dinamarqueses com os nazistas, que tiraram grandes quantidades de ouro e outros bens dos judeus.

    Mas o fato é que a polícia dinamarquesa pode revistar pessoas buscando asilo na Dinamarca e confiscar os valiosos bens que essa pessoa tem com ela.

    Quanto à nova lei, o primeiro-ministro dinamarquês Lars Løkke Rasmussen declarou : "O objetivo é assegurar que todos tenham os mesmos padrões, sejam os requerentes de asilo ou os dinamarqueses –sendo padrão que você se sustente, se puder".

    No entanto, os policiais só podem confiscar bens que excedam 10 mil coroas dinamarquesas (cerca de R$ 6.000) e que não tenham valor sentimental. Isso cria a questão de quais implicações isso realmente terá na vida dessas pessoas.

    Para se ter uma ideia dos bens que os refugiados ainda têm quando chegam a Dinamarca, a VICE visitou um velho hospital na cidade costeira de Helsingør, que foi transformado num centro de asilo para aproximadamente 150 refugiados. Cinco homens concordaram em falar conosco e mostrar o que eles tinham quando chegaram aqui.

    Nikolai Linares
    MATÉRIA DA VICE-DINAMARCA
    Objetos de refugiados que chegaram à Dinamarca

    Abdul Khader é um sírio de 44 anos. Ele chegou à Dinamarca cinco meses atrás. Sua posse mais preciosa é uma pulseira preta, dada por sua filha de 16 anos. Atualmente, sua filha está na Turquia com a mãe e os dois irmãos. Abdul estima que esses itens juntos valem 1.500 coroas (cerca de R$ 870).

    Nikolai Linares
    MATÉRIA DA VICE - DINAMARCA
    Objetos de refugiados retidos pela Dinamarca

    Subhe Mohammad veio da Síria e tem 40 anos. Ele está na Dinamarca há quatro meses. Sua esposa e os três filhos ainda estão na Síria. Sua posse mais importante é seu celular, cheio de fotos dos filhos. Subhe estima que o valor de suas posses seja de cerca de 1.700 coroas (R$ 990).

    Nikolai Linares
    MATÉRIA DA VICE - DINAMARCA
    Objetos de Laith Wadea, entre os quais o medalhão da Virgem Maria

    Laith Wadea tem 31 anos e veio do Iraque. Ele chegou a Dinamarca cinco meses atrás. No Iraque ele trabalhava como professor e ferreiro. O bem mais importante para ele é uma corrente de prata com um medalhão da Virgem Maria, presente de sua mãe. Fora a corrente, ele também tem um iPhone 6 e um relógio falso. Ele estima que suas posses valem um total de 6 mil coroas (cerca de R$ 3.500).

    Nikolai Linares
    MATÉRIA DA VICE - DINAMARCA
    Objetos de Nashet Blank retidos pela Dinamarca

    Nashet Blank tem 40 anos. Ele viajou da Síria para a Dinamarca quatro meses atrás com a esposa e três filhos. Eles venderam quase tudo para poderem viajar pela Europa - incluindo suas alianças de casamento. Seu celular e sua carteira não significam nada para ele. Ele estima que o valor de suas posses seja de 500 coroas (R$290).

    Nikolai Linares
    MATÉRIA DA VICE - DINAMARCA
    Objetos do iraquiano Ahmad Farman

    Ahmad Farman é um iraquiano de 25 anos. Ele chegou a Dinamarca cinco meses atrás. Todas as suas posses têm importância igual para ele, mas seu celular, com várias fotos de casa, é o que tem maior significado. Ele estima que seus bens somem 1.500 coroas (cerca de R$ 876).

    Leia no site da Vice: Refugiados na Dinamarca mostram seus bens mais valiosos

    Traduzido do inglês por MARINA SCHNOOR

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