O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, disse nesta segunda-feira (8) que, embora as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) se oponham, submeterá a plebiscito o acordo final de paz com a guerrilha.
Ambas as partes se comprometeram a assinar o acordo até o próximo dia 23 de março.
"O que for assinado em Havana eu submeterei a referendo, gostem ou não as Farc", escreveu o presidente em sua conta no Twitter.
Horas antes, em Cuba, onde acontecem as negociações entre o governo colombiano e as Farc, o principal negociador da guerrilha, Ivan Márquez, havia rejeitado essa forma de decisão sobre o pacto final.
Adalberto Roque/AFP | ||
O chefe de negociações das Farc, Ivan Márquez (centro), em Havana (Cuba) |
A organização comunista, que enfrenta o Estado desde 1964, reiterou –como tem feito desde o início das negociações, há mais de três anos– sua oposição a um referendo, mecanismo de consulta popular para aprovar ou rejeitar uma proposta.
"Não aceitamos a aplicação do referendo (...), porque esse pacto, que trará a paz à Colômbia e está sendo construído com tanto cuidado e sacrifício, não pode ser posto em perigo por leviandade política", disse Márquez a jornalistas nesta segunda.
As Farc, que têm cerca de 7.000 combatentes, segundo números oficiais, têm insistido desde sempre em aprovar o acordo final através de uma assembleia constituinte, que possa garantir "segurança jurídica e pessoal" a seus membros e a todos os atores do conflito armado, que já dura mais de meio século.
Santos, que se opõe a uma assembleia constituinte, tem reiterado em diversas ocasiões que o povo colombiano terá a chance de dizer " gosto ou não gosto" do acordo de paz.
Leonardo Munõz/Efe | ||
O coordenador da ONU na Colômbia, Fabrizio Hochschild, no forum "Fim do Conflito" |
De acordo com o roteiro de negociações entre o governo e as Farc, o mecanismo de decisão sobre o acordo final deve ser aceito pelas duas partes e é um dos últimos pontos a serem definidos.
O conflito colombiano já deixou cerca de 220 mil mortos e deslocou mais de seis milhões de pessoas