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    Comunidade judaica avalia significado da ascensão do discreto judeu Sanders

    NICHOLAS CONFESSORE
    DO "THE NEW YORK TIMES"

    11/02/2016 17h04

    Bernie Sanders fez história. Mas isso é bom para os judeus?

    Na terça-feira (9) o senador Bernie Sanders, de Vermont, tornou-se o primeiro candidato judeu da história a vencer uma primária da eleição presidencial nos EUA, desencadeando um misto já conhecido de comemoração e ansiedade entre judeus nos EUA e fora do país, com reflexões sobre o significado maior que sua vitória inusitada terá para a comunidade judaica.

    Bao Dandan - 9.fev.2015/Xinhua
    Pré-candidato democrata Bernie Sanders participa de comício antes de primárias em New Hampshire
    Pré-candidato democrata Bernie Sanders participa de comício antes de primárias em New Hampshire

    "Bernie Sanders acaba de conquistar a coroa judaica em New Hampshire?" indagou uma manchete do "The Forward".

    O jornal perguntou por que a vitória de Sanders recebeu menos atenção como símbolo de aceitação e conquista que a escolha de Joe Lieberman como candidato democrata à vice-presidência em 2000.

    A razão provável: Sanders foi criado como judeu e chegou a passar tempo em um kibutz israelense nos anos 1960, mas dá pouca ênfase à religião.

    "De modo geral, o senador do Vermont parece sentir-se incomodado com os esforços para impor um viés judaico à sua candidatura", observou o "The Forward", em artigo reproduzido da agência de notícias Jewish Telegraphic.

    Órgãos de imprensa israelenses e judaicos deram grande destaque à notícia de sua vitória, analisando-a para discernir significados positivos e negativos.

    O jornal israelense "Haaretz" destacou que Sanders frequentemente se descreve como filho de um imigrante polonês, não de um imigrante judeu.

    "O establishment judaico tem dificuldade em considerá-lo um dos seus", observou o jornal.

    Outro comentarista do "Haaretz", Chemi Salev, teme que a vitória de Sanders e sua política liberal incendiária possam alimentar o antissemitismo: "Mais que qualquer outro candidato democrata, Sanders se enquadra na imagem de Saul Alinsky, o bicho-papão judeu favorito do Partido Republicano".

    Visto como o pai da organização comunitária, Alinsky foi evocado com frequência pelos conservadores na eleição presidencial de 2008 para criticar o presidente Barack Obama e Hillary Clinton, que escreveu sua tese universitária sobre ele.

    E, apesar do simbolismo da vitória inusitada de Sanders na primária, a Jewish Telegraphic minimizou o significado do fato.

    A agência de notícias destacou antes da votação que New Hampshire é um dos menores e menos diversificados Estados americanos.

    Depois de Bernie Sanders vencer a eleição, ela notou que "estimados 10 mil judeus vivem em New Hampshire".

    Em seu discurso de vitória na noite de terça, o próprio Bernie Sanders não ressaltou a natureza histórica de sua conquista.

    Mas o "Haaretz" considerou a noite memorável. "A noite de terça-feira ficará na história como a primeira vez que um judeu venceu uma primária presidencial", escreveu o jornal.

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