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    Morre juiz conservador Antonin Scalia, do Supremo dos EUA

    DE SÃO PAULO

    13/02/2016 20h40 - Atualizado às 00h14

    Morreu aos 79 anos neste sábado (13) o juiz Antonin Scalia, um dos nove integrantes da Suprema Corte dos EUA, anunciou o governo do Texas. O corpo do magistrado foi encontrado em um resort de luxo no oeste do Estado.

    A causa não foi imediatamente anunciada. Scalia vinha trabalhando normalmente.

    Segundo a porta-voz do US Marshals (força de segurança ligada ao Departamento de Justiça dos EUA), Donna Sellers, o magistrado havia se recolhido na noite anterior para dormir e foi encontrado morto após não ter aparecido para o café da manhã.

    "Ele era um extraordinário jurista e indivíduo. Sua morte é uma grande perda para a Corte e o país que ele tão lealmente serviu", disse John Roberts, presidente do Supremo.

    Peter Foley-8.fev.16/Efe
    O juiz da Suprema Corte dos EUA Antonin Scalia conversa com jornalistas
    O juiz da Suprema Corte dos EUA Antonin Scalia conversa com jornalistas

    O governador do Texas, Greg Abbott, por sua vez, afirmou que "Antonin Scalia era um homem de Deus, um patriota, um defensor da Constituição e da Lei. Ele era uma pedra que impediu muitas tentativas de distorcer a Constituição. Sua lealdade à Constituição é um exemplo não somente para juizes e advogados, mas para todos os americanos".

    Scalia, um dos juízes mais conservadores na atual configuração do Supremo, foi nomeado pelo presidente Ronald Reagan (1981-1989), um republicano, em 1986. Desde então se mantinha como uma das vozes conservadoras mais ressonantes do país, frequentemente adotando interpretações estritas da Constituição.

    Católico devotado, seus pareceres sobre questões de direitos civis, como o casamento entre pessoas do mesmo sexo, frequentemente incluíam reprovações morais.

    Em discurso em 2012, chegou a comparar o casamento gay com o assassinato: "Se não pudermos ter sentimentos morais em relação à homossexualidade, podemos ter contra o assassinato?", respondeu o juiz a um estudante gay que indagou por que ele igualara, num texto passado, leis antissodomia com o veto a bestialismo e a assassinato.

    Pai de nove filhos, casado com Maureen Scalia McCarthy desde 1960, Scalia nasceu em 11 de março de 1936 em Trenton, Estado de Nova Jersey. Formou-se na Universidade de Georgetown, em Washington, e estudou Direito em Harvard.

    Novo integrante

    A morte de Scalia abre caminho para o presidente Barack Obama indicar, em seu último ano no cargo, mais um juiz no Supremo, o que pode pender a corte para a esquerda.

    Em pronunciamento neste domingo (14) após o anúncio da morte do juiz, Obama declarou que irá indicar um substituto, em resposta a alegações dos republicanos de que qualquer nomeação deve esperar até depois do próximo presidente assumir o cargo.

    "Eu pretendo cumprir minha responsabilidade constitucional de nomear um sucessor no momento adequado. Haverá tempo de sobra para fazê-lo e para o Senado cumprir sua responsabilidade de escrutinar essa pessoa e realizar a votação", afirmou.

    Na declaração, o presidente ainda agradeceu a família de Scalia pelo "serviço prestado ao país".

    Obama já havia indicado as juízas Sonia Sotomayor, 61, em 2009, e Elena Kagan, 55, em 2010. Além delas, são considerados progressistas Ruth Bader Ginsburg, 82, e Stephen Breyer, 77 (indicados ambos por Bill Clinton).

    São conservadores os juízes Clarence Thomas, 67, indicado por George Bush pai), e os dois indicados por George W. Bush, Samuel Alito, 65, e o chefe da junta, John Roberts, 61. Anthony Kennedy, 79, indicado também por Reagan, vinha até então funcionando como fiel da balança.

    O pré-candidato republicano à presidência do país Donald Trump também se manifestou após a confirmação da morte de Scalia e disse que os juízes Diane Sykes e Bill Pryor poderiam estar entre os seus indicados para a Suprema Corte.

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