Milicianos da facção terrorista Estado Islâmico (EI) atacaram forças curdas no Iraque com gás mostarda no ano passado, primeiro uso conhecido de armas químicas no país desde a queda de Saddam Hussein (1979-2003).
A afirmação é de um diplomata, baseada em testes realizados pelo observatório global de armas químicas.
Uma fonte da Organização pela Proibição de Armas Químicas (OPCW, na sigla em inglês) confirmou que testes de laboratório atestaram o uso de mostarda de enxofre (também conhecida como gás mostarda) depois que 35 tropas curdas adoeceram no campo de batalha em agosto, a sudoeste de Irbil, capital da zona autônoma curda no Iraque.
Apesar de a OPCW não identificar quem fez uso do agente químico, sob condição de anonimato o diplomata disse que o resultado confirma que as armas químicas foram utilizadas pelos combatentes do EI.
A organização já havia descoberto o uso de gás mostarda na vizinha Síria em outubro. O EI controla uma parte dos territórios do Iraque e da Síria, denominando-o "califado", e não reconhece a fronteira entre os países.
Especialistas especulam que o gás mostarda tenha vindo de um arsenal químico sírio não declarado ou que os milicianos tenham adquirido conhecimento básico de como produzir e realizar um ataque químico amador com foguetes e morteiros.
O arsenal químico do Iraque foi destruído principalmente no regime de Saddam, apesar de munições químicas do período terem sido encontradas por tropas norte-americanas durante a invasão do país (2003 a 2011).
A Síria concordou em entregar seu arsenal químico, incluindo o gás mostarda, à comunidade internacional depois que centenas de civis foram mortos com gás sarin no subúrbio de Damasco, em 2013.
As potências ocidentais responsabilizam o regime de Bashar al-Assad pelo ataque. Damasco, porém, nega envolvimento.
Empregado com efetividade letal durante a 1ª Guerra Mundial (1914-1918), o gás mostarda causa graves queimaduras nos olhos, pele e aparelho respiratório.