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    Ex-presidente George W. Bush tenta ressuscitar candidatura do irmão

    MARCELO NINIO
    DE WASHINGTON

    16/02/2016 00h30

    O ex-presidente dos Estados Unidos George W. Bush saiu em socorro do irmão, Jeb, que enfrenta dificuldades para manter viva sua pré-candidatura à Casa Branca.

    É a primeira vez que George W. participa de uma campanha desde que deixou o governo, em 2008.

    "Não tenho nenhuma dúvida de que Jeb tem a experiência e a personalidade para ser um grande presidente", disse George W. num comício do irmão no Estado da Carolina do Sul, onde, no próximo sábado, o Partido Republicano terá a terceira etapa das prévias para a escolha de seu candidato.

    No cálculo dos estrategistas da campanha, é o lugar certo para a entrada do ex-presidente, que tem alta popularidade entre os republicanos da Carolina do Sul.

    Seu papel como presidente é controvertido, mas bastou George W. subir ao palco para não deixar dúvidas das qualidades eleitorais que o levaram à Presidência.

    Acompanhado da mulher, Laura, o ex-presidente parecia à vontade, sem gravata e com um grande botton da campanha do irmão no paletó.

    O carisma do irmão mais velho ofuscou Jeb, que sorria timidamente no fundo, enquanto George W. era apresentado pelo senador da casa, Lindsey Graham.

    Apontado como um dos favoritos no início da campanha, no meio do ano passado, Jeb não decolou nas pesquisas e teve fraco desempenho nas duas primeiras escalas da disputa.

    Ficou em sexto no caucus de Iowa, com 2,8% dos votos, e em quarto em New Hampshire, com 11%. Pelas pesquisas, ele está em quinto na Carolina do Sul entre os seis pré-candidatos republicanos, com 9%.

    Analistas ficaram divididos sobre a decisão de usar George W. Bush na campanha, considerada uma aposta arriscada de Jeb para dar sobrevida a sua campanha.

    Por um lado, o irmão pode atrair seus simpatizantes entre os republicanos do Estado. Por outro, dilui a mensagem inicial de que a campanha se baseia em mérito, não em parentesco.

    Para reforçar essa mensagem, o logotipo do pré-candidato tem um ponto de exclamação no lugar do sobrenome: "Jeb!".

    Convocado para injetar adrenalina na campanha do irmão e manter as chances de um terceiro Bush na Casa Branca, George W. não citou nomes, mas mandou um recado claro para o líder das pesquisas na disputa republicana, o magnata Donald Trump.

    Nos últimos dias, Trump subiu o tom das críticas ao ex-presidente, por não ter prevenido os ataques do 11 de Setembro e pelos danos da invasão do Iraque.

    Jonathan Ernst/Reuters
     U.S. President George W. Bush speaks about the presidential candidacy of his brother U.S. Republican presidential candidate Jeb Bush as he appears on the campaign trail with his brother for the first time in the 2016 campaign at a rally in North Charleston, South Carolina, February 15, 2016. ORG XMIT: CHA526
    George W. Bush fala em comício do irmão Jeb no Estado da Carolina do Sul

    "Força não é retórica vazia, não é fanfarronice, não é teatro. A força de verdade vem da integridade e do caráter. E, na minha experiência, o mais forte geralmente não é o mais barulhento", disse George W. Bush. O ex-presidente relembrou a manhã de 11 de Setembro de 2001.

    "Quando os americanos acordaram no 11 de Setembro, nós não sabíamos que o mundo mudaria para sempre naquele dia. Eu estava sentado numa sala de aula na Flórida, ouvindo uma criança ler. Meu chefe de gabinete, Andy Card, sussurrou no meu ouvido: um segundo avião atingiu a segunda torre, a América está sob ataque. Minha primeira reação foi 'ah, nós vamos lidar com essa gente'. A segunda, olhando para aquela criança, meu dever ficou claro, era protegê-la, sua comunidade e o país."

    A caminho do Air Force One, o avião presidencial, Bush foi informado de que um terceiro avião havia atingido o Pentágono. "Pensei, 'o primeiro foi um acidente, o segundo, um ataque, o terceiro, uma declaração de guerra'", contou o ex-presidente.

    Ao elogiar o plano de Jeb contra o grupo terrorista Estado Islâmico, exaltou a visão de uma política externa mais ativa dos EUA nos conflitos mundiais. "Quando a América não lidera, o caos impera".

    Fora esse e outros poucos momentos de constrição, a maior parte do discurso foi leve.

    Com o público a favor, ficou fácil para o ex-presidente cativar a plateia num discurso cheio de piadas e autoironia.

    Falando sobre sua vida pós-Casa Branca, contou que passa muito tempo cuidando de seu rancho no Texas. "Escrevi dois livros. Uma surpresa para muita gente, especialmente aqueles que pensavam que eu não sabia ler, muito menos escrever", disse, arrancando risos.

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