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    Maduro aumenta preço da gasolina em até 6.000% e desvaloriza câmbio

    SAMY ADGHIRNI
    DE CARACAS

    17/02/2016 23h23

    Miguel Gutierrez/Efe
    CAR01. CARACAS (VENEZUELA), 17/02/2016.- Vehículos en cola para abastecerse de gasolina vistos hoy, miércoles 17 de febrero de 2016, en una estación de Petróleos de Venezuela (PDV) en Caracas (Venezuela). El presidente de Venezuela, Nicolás Maduro, anunció hoy un aumento del precio de la gasolina de 95 octanos en el país, la más barata del mundo, de más de un 6.000 por ciento, mientas que la de 91 octanos se incrementará un 1.282 por ciento. EFE/MIGUEL GUTIERREZ ORG XMIT: CAR01
    Carros fazem fila para encher tanque em posto de Caracas, nesta quarta (17)

    O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou nesta quarta-feira (17) um histórico aumento do preço da gasolina no país —a mais barata do mundo— como medida para combater a crise econômica que ele mesmo já qualificou de "catastrófica".

    O aumento, que veio acompanhado de uma desvalorização cambial e flexibilização no controle de preços, é o primeiro desde 1996 no país, onde o preço do combustível é um tema sensível.

    Uma alta anterior, em 1989, havia sido recebida com grandes protestos, conhecidos como "Caracazo", que deixaram centenas de mortos e pavimentaram o caminho para a ascensão política do então tenente-coronel dissidente Hugo Chávez.

    Maduro disse que, a partir da próxima sexta-feira (19), um litro de gasolina comum subirá de atuais 0,070 bolívares por litro a 1 bolívar/litro, uma elevação de 1.328,5%. A gasolina aditivada salta de 0,097 bolívares para 6 bolívares/litro, em alta de 6.085%.

    Isso representa um aumento considerável em termos relativos. Mas encher o tanque de um carro médio continuará custando menos que uma maçã ou uma empanada. Na taxa de câmbio paralelo usada por particulares, em que US$ 1 equivale a 1.000 bolívares, 50 litros de gasolina saem por US$ 0,05 (R$ 0,19, pelo câmbio desta quarta). Como comparação, o litro da gasolina nos postos de São Paulo custa em torno de R$ 3,50.

    Maduro disse que a medida é necessária para cobrir os custos de produção da gasolina e melhorar a gestão da estatal petroleira PDVSA, detentora das maiores reservas mundiais de óleo bruto. Subsídios à gasolina custam ao Estado ao menos US$ 12,5 bilhões.

    "Cobrar mais pela gasolina é uma necessidade. A gorjeta do frentista é maior do que se paga para encher o tanque", disse Maduro, que falou por quase cinco horas em rede nacional de rádio e TV.

    Ele afirmou que a arrecadação obtida com o alívio dos subsídios financiará as Grandes Missões —programas sociais de moradia, saúde e transporte que são marca registrada do chavismo.

    O aumento, já esperado, provocou reações diferentes num posto de gasolina numa zona de classe média de Caracas, onde a Folha esteve. "Já era hora, o sistema era insustentável. Estou disposta a pagar mais se o país melhorar", disse a dona de casa Carlota Morales, 40. Mas o mototaxista Carlos Eduardo, 36, se queixou. "Esse aumento vai pesar no meu bolso. Além disso, afetará todos os outros preços".

    A inflação na Venezuela já supera 141%. A população também sofre com desabastecimento generalizado de itens básicos e remédios.

    CÂMBIO
    Maduro afirmou que a cotação oficial preferencial, com a qual o governo subsidia a maior parte das importações de alimentos e remédios, será desvalorizada de 6,3 bolívares/dólar a 10 bolívares/dólar.

    O presidente também anunciou a criação de uma nova taxa flutuante, que começará na cotação de 202 bolívares/dólar.

    O salário mínimo passou de 9.649 bolívares para 11.578 bolívares (US$ 11,50, pelo câmbio paralelo).

    O presidente, que criticou a oposição por ter rejeitado um decreto de emergência econômica enviado por ele a Assembleia, sob controle antichavista, afirmou que itens do comércio estatal terão aumento "com base em preços reais".

    Maduro anunciou, ainda, a a reconfiguração da rede de mercados estatais. Houve poucos detalhes, mas disse que parte da distribuição ficará a cargo dos conselhos comunais, espécie de governos de bairro diretamente ligados ao chavismo.

    EMPRESA MILITAR
    Maduro, porém, não mencionou a controversa recém-criada Companhia Anônima Militar de Indústrias Mineradoras, Petrolíferas e de Gás (Camimpeg).

    A criação do novo órgão, oficializada no Diário Oficial, é alvo de críticas por entregar a militares a gestão das "atividades lícitas de serviços petrolíferos, gás e exploração de minérios".

    Não está claro como ficará a repartição das prerrogativas com a PDVSA.

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