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    Vice boliviano acusa oposição de tentativa de fraude em referendo

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    23/02/2016 15h46

    O vice-presidente boliviano, Álvaro García Linera, acusou, nesta terça-feira (23) a oposição de tentativa de fraude no referendo do último domingo (21) sobre a possibilidade de o presidente Evo Morales concorrer a um quarto mandato consecutivo em 2019.

    À medida que avança a apuração dos votos, o governo vê cada vez mais distantes as chances de uma virada nos números. Às 15h30 desta terça (de Brasília), com 87% dos votos apurados, o "não" vencia por 52,65% contra 47,35% do "sim". A diferença era menor que a registrada na segunda-feira, mas era praticamente impossível que a possibilidade de mudança constitucional fosse aprovada no referendo.

    David Mercado/Reuters
    Equipe do órgão eleitoral contabiliza votos de referendo do último domingo em La Paz, na Bolívia
    Equipe do órgão eleitoral contabiliza votos de referendo do último domingo em La Paz, na Bolívia

    Segundo Linera, a oposição tentou atrapalhar o voto nas áreas rurais, onde há um apoio grande ao governo, com ações observação das sessões e "pressão" nos centros de apuração.

    "É uma mobilização de pressão que fere as regras eleitorais e encobre uma fraude eleitoral para que não se contabilize o voto [rural]", disse Linera, em coletiva de imprensa.

    Segundo o jornal boliviano "La Razón", ativistas do "não" teriam instalado vigílias em frente a centros de apuração em La Paz, Cochabamba, Santa Cruz e Chuquisaca. Os dois primeiros departamentos (Estados), contudo, eram os únicos entre os nove em que o "sim" aparecia à frente na apuração. Em Oruro, foi registrado empate em praticamente todo o período de apuração.

    "Estamos empatados. Vai ser definido com pouquíssima diferença e estamos atentos para que ninguém a escamoteie e roube o voto do povo", disse Linera, sem, entretanto, apresentar provas para as acusações.

    A missão de observação eleitoral da OEA (Organização dos Estados Americanos) chegou a dizer, na segunda, ter detectado algumas irregularidades no processo do referendo, mas descartou que sejam consideradas provas de fraude.

    OTIMISMO

    O presidente Evo Morales, por sua vez, tentou parecer otimista mesmo com a iminente derrota do "sim". Mas reconheceu: "se ganharmos será por poucos votinhos, se perdermos será por poucos votinhos".

    Se confirmada, será a primeira derrota de Evo nas urnas desde sua chegada ao poder, em 2006. Será também mais um elemento no movimento que enfraquece governos de esquerda na região, após Argentina e Venezuela.

    O referendo constitucional foi convocado para decidir se deveria ser modificado o artigo 168 da Carta, que diz que os presidentes só podem concorrer a uma reeleição.

    Em 2014, Evo, que já estava havia oito anos no poder, obteve permissão da Corte Suprema para concorrer ao terceiro período, porque a primeira gestão, sendo anterior à Constituição promulgada em 2009, não contaria.

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