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    eleições nos eua

    O senador Marco Rubio pode salvar o partido Republicano?

    MICHAEL KEPP
    ESPECIAL PARA A FOLHA

    24/02/2016 07h00

    Com Marco Rubio tendo ficado em segundo lugar na primária da Carolina do Sul, atrás de Donald Trump, levando Jeb Bush a desistir da disputa, o establishment republicano enxerga o senador como aquele que poderá salvá-lo do magnata renegado que ameaça usurpar a identidade do partido.

    É provável que os republicanos centristas se concentrem em torno de Rubio porque, entre os cinco pré-candidatos que ainda disputam a indicação partidária, ele é o que mais atrai.

    Eles o enxergam como uma figura menos truculenta e divisora que Trump ou o senador Ted Cruz, terceiro colocado por margem estreita na Carolina do Sul.

    Josh Edelson/AFP
    Republican presidential candidate Marco Rubio speaks during a campaign event ahead of the Nevada caucus at the Silverton Casino in Las Vegas, Nevada on February 23, 2016. US Republican presidential candidates face off in Nevada February 23 as frontrunner Donald Trump tries to maintain momentum with a rousing victory in the last contest before next week's all-important "Super Tuesday" votes. / AFP / JOSH EDELSON
    O senador Marco Rubio em ato de campanha em Las Vegas, antes do caucus de Nevada

    Rubio é uma alternativa a Trump, nacionalista xenófobo que promete proibir a imigração muçulmana e construir um muro na fronteira dos EUA com o México, país que, segundo ele, exporta criminosos e estupradores.

    Mas a aparência jovem e os modos gentis do senador disfarçam um candidato que é mais extremista que Trump, sob vários aspectos.

    Rubio conquistou seu lugar no Senado em 2010 com apoio do Tea Party e é contra o casamento homossexual e o aborto, exceto em casos de estupro, incesto ou quando a vida da mãe corre perigo.

    Ele tem o apoio da National Rifle Association, o lobby das armas americano, e da União Conservadora Americana, o mais antigo lobby de direita do país. É contra a elevação do salário mínimo e renunciou ao seu apoio anterior à reforma da imigração.

    Agora Rubio precisa forçar Cruz a sair da disputa e, para isso, precisa se sair bem em 1º de março, quando haverá primárias republicanas em 12 Estados.

    Isso porque, quanto mais tempo os dois senadores (e dois outros candidatos) permanecerem nesta disputa pela indicação do Partido Republicano, dividindo o apoio dos eleitores, mais fácil será para Trump sair vencedor.

    Nas primárias de 1º de março, é possível que Rubio esteja mais bem posicionado que Cruz para ter o voto de antigos eleitores de Jeb Bush. Isso porque ele agrada tanto aos moderados quanto aos evangélicos, a base de apoio de Cruz.

    James Glover 2º - 22.fev.2016/Reuters
    Republican Presidential candidate Ted Cruz speaks at a rally at the Boys and Girls Club of Truckee Meadows in Reno, Nevada February 22, 2016. Cruz has asked a federal court in Houston to throw out a suit questioning whether he is eligible to be U.S. president because he was born in Canada, saying the case against him "suffers from fatal deficiencies." REUTERS/James Glover II/Files ORG XMIT: TOR430
    Ted Cruz fala a apoiadores durante campanha em Reno, Nevada

    Na primária da Carolina do Sul, Rubio recebeu quase a mesma porcentagem de votos dos evangélicos que Ted Cruz. E ele pode receber o apoio de parte de um eleitorado muito religioso nos cinco Estados do Sul que terão primárias no dia 1º de março.

    Mas Rubio ainda não venceu nenhuma primária, e Trump já venceu em duas (New Hampshire e Carolina do Sul), nesta última por dez pontos percentuais.

    Essas vitórias o fazem parecer quase insuperável. Desde 1980, nenhum pré-candidato presidencial republicano venceu as primárias de New Hampshire e Carolina do Sul e depois deixou de ser o escolhido por seu partido.

    Se existe alguém que possa destronar Trump, porém, esse alguém pode ser Rubio, não Cruz, porque os republicanos centristas o veem como sua melhor chance de derrotar a provável indicada do Partido Democrata, a moderada Hillary Clinton, na eleição presidencial de novembro.

    O grande ponto fraco de Rubio é a falta de recursos para sua campanha –um problema que Trump, que é bilionário, não tem.

    Na realidade, Trump se gaba de não poder ser comprado, já que não aceita contribuições de campanha de lobistas.

    Esse fato, somado ao seu discurso não censurado, frequentemente vulgar, faz dele um independente demolidor, que agrada à base do Partido Republicano, formado por eleitores brancos da classe trabalhadora e que desconfiam dos políticos tradicionais.

    Mas, se Rubio se sair bem nas primárias de 1º de março, os grandes doadores republicanos que apoiaram Bush e estão desesperados por uma alternativa a Trump poderão dar seu respaldo financeiro a ele.

    Enquanto esse "se" não for respondido, porém, Trump só perderá a indicação presidencial republicana se quiser.

    E, se ele a conquistar, uma disputa entre Trump e Clinton oferecerá aos eleitores americanos o contraste ideológico mais nítido dos últimos 50 anos.

    MICHAEL KEPP, jornalista americano radicado há 33 anos no Brasil, é autor do livro "Um Pé em Cada País" (Tomo Editorial).

    Tradução de CLARA ALLAIN

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