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    Apuração parcial indica vantagem de moderados em eleição no Irã

    NASSER KARIMI
    DA ASSOCIATED PRESS

    27/02/2016 17h03

    Resultados parciais divulgados neste sábado (27) no Irã apontam maioria para os reformistas e moderados na primeira eleição legislativa do país após o anúncio do acordo nuclear com o Ocidente.

    As eleições visam preencher vagas no Parlamento, chamado de Assembleia Consultiva Islâmica, e na Assembleia de Especialistas, conselho de clérigos que nomeia o líder supremo -o atual líder é o aiatolá Ali Khamenei.

    Raheb Homavandi-26.02.2016/Reuters
    Mulher iraniana deixa a filha depositar seu voto na eleição legislativa realizada na sexta (26)
    Mulher iraniana deixa a filha depositar seu voto na eleição legislativa realizada na sexta (26)

    Os dois órgãos são, hoje, dominados por conservadores. A votação é vista por analistas como um momento crucial que pode remodelar a próxima geração do país.

    A ala mais moderada defende a relação com as potências e mais liberdades. Autoridades americanas esperavam que o acordo nuclear, que encerrou as sanções econômicas contra o país, fortalecesse o presidente Hassan Rouhani e outros moderados —e abrisse caminho para maior cooperação em outros assuntos regionais.

    Relatos das agências oficiais Fars e Mehr mostram que os candidatos linha dura estão perdendo espaço no parlamento de 290 cadeiras. Nenhuma das três linhas principais da política iraniana, reformista, conservador e linha dura, deve conseguir maioria, mas os reformistas estão no caminho para seu melhor desempenho nas urnas em mais de uma década.

    Os reformistas tiveram ganhos representativos na capital, Teerã, que corresponde a 30 representantes na assembleia. Os resultados parciais divulgados pelo governo mostram 26 reformistas e apenas um linha dura entre os 30 candidatos com mais votos.

    Mohammad Reza Aref, o candidato reformista mais proeminente, estava no topo da lista. O único linha dura no grupo é Gholamali Haddad Adel, na 10ª posição.

    Behrouz Mehri/AFP
    Candidato reformista Mohammad Reza Aref
    Candidato reformista Mohammad Reza Aref

    Os resultados iniciais mostram ainda que os moderados conseguiram vantagem na Assembleia de Especialistas. A TV estatal afirmou que Rouhani e o ex-presidente Akbar Hashemi Rafsanjani, também moderado, devem manter suas cadeiras na câmara de 88 vagas. Atualmente, o órgão tem 20 moderados.

    Os dois estão na liderança na eleição na capital, que mandará 16 candidatos para a assembleia. Apenas três dos clérigos com chances de ganhar uma cadeira são linha dura —atualmente a assembleia tem seis representantes dessa linha política.

    Cerca de 1,3 milhões de votos foram contabilizados em Teerã, onde o comparecimento deve exceder os 2,6 milhões de votos contabilizados em 2012.

    Não há resultados de outras cidades. O resultado final deve ser divulgado apenas na segunda-feira (29).

    HISTÓRICO

    O Irã tem dezenas de grupos e organizações políticas, mas nenhum partido de peso maior como nos países do Ocidente.

    A eleição costuma ser uma disputa entre os linha-dura de um lado e moderados que apoiam Rouhani e reformistas do outro. Há ainda conservadores independentes que não estão alinhados com nenhum bloco político.

    Quase 55 milhões dos 80 milhões iranianos podem votar. O país não divulgou dados de comparecimento, mas o ministro do Interior, Abdolreza Rahmani Fazli, disse neste sábado que a contagem parcial dos votos indica que mais de 60% participaram.

    A última vez que os reformistas conquistaram o poder foi em 1997, com a eleição do presidente Mohammad Khatami, seguida de eleições parlamentares em 2000, que levaram uma maioria deles às assembleias.

    O movimento pressiona por amenizar as restrições sociais baseadas no islamismo, maior liberdade de expressão e melhores relações com o Ocidente.

    Seu tempo no poder, contudo, durou apenas até a eleição de 2004, quando muitos dos candidatos reformistas foram impedidos de concorrer. A vitória em 2005 do presidente Mamhoud Ahmadinejad selou a queda do movimento.

    A última eleição presidencial, de 2009, foi seguida de protestos em massa contra fraude na votação.

    O Conselho dos Guardiões tem direito de vetar candidatos. Neste ano, 200 dos 3.000 reformistas foi impedido de concorrer.

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