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    DW

    Jornal revela diário de copiloto que derrubou voo da Germanwings

    DA DEUTSCHE WELLE

    07/03/2016 12h34

    Reportagem do jornal alemão Bild publicada nesta segunda-feira (7) revelou detalhes do diário pessoal de Andreas Lubitz, o copiloto que, segundo resultados da investigação, derrubou propositalmente um voo da Germanwings nos Alpes franceses em março de 2015.

    O jornal afirma ter obtido acesso exclusivo a milhares de páginas do diário que Lubitz mantinha em seu computador pessoal, além de avaliações feitas por médicos do copiloto e outras pistas sobre seu estado mental. O material teria sido recolhido por promotores franceses.

    Em setembro de 2008, quando se mudou para Bremen para iniciar seu treinamento na Lufthansa, Lubitz se queixou de solidão e de problemas para dormir em seu novo apartamento. Após dois meses, ele interrompeu o treinamento em razão de depressão, reclamando também de problemas nos olhos e de que estaria ouvindo ruídos.

    set.2009/AFP
     released on March 27, 2015 shows the co-pilot of Germanwings flight 4U9525 Andreas Lubitz taking part in the Airport Hamburg 10-mile run on September 13, 2009 in Hamburg, northern Germany. long flying enthusiast with no apparent psychological problems or terrorist links. into the French Alps, killing all 150 aboard, hid a serious illness from the airline, prosecutors said Friday amid reports he was severely depressed. AFP PHOTO / FOTO TEAM MUELLER ALTERNATIVE CROP RESTRICTED TO EDITORIAL USE - MANDATORY CREDIT "AFP PHOTO / FOTO TEAM MUELLER " - NO MARKETING NO ADVERTISING CAMPAIGNS - DISTRIBUTED AS A SERVICE TO CLIENTS ORG XMIT: BER2615
    O copiloto Andreas Lubitz em prova de 10 km em setembro de 2009, em Hamburgo

    "Me submetendo a tratamento psiquiátrico, depressão aguda, sonho de me tornar piloto praticamente acabado", escreveu à época.

    Em outro registro, Lubitz descreve um sentimento de tristeza: "Vejo como o mundo me deixa de lado (...) pular de um abismo é a única saída".

    Após deixar a escola de aviação, um terapeuta avaliou que o copiloto sofria de "forte autocomiseração" e era atormentado por "conflitos internos", mas afirmou não ter notado tendências suicidas.

    Após receber tratamento intensivo, que incluía medicamentos, hipnose e exercícios de relaxamento, Lubitz parecia responder bem à terapia. Em meados de 2009, seu médico considerou que ele estava apto a reiniciar seu treinamento.

    NOVA RECAÍDA

    No diário, o jovem de 21 anos demonstrava maior otimismo, agradecendo o apoio de membros da família e da namorada.

    No final de 2009, porém, a depressão parece ter retornado. Ele se queixava de "ouvir ruídos, redução da audição e do olfato", além de se sentir apático. "Mal consigo pensar claramente, e me preocupo, principalmente, com a falta de esperança em relação à minha situação."

    Alliance/DPA
    Pedaço do avião da Germanwings que caiu nos Alpes da França em março de 2015
    Pedaço do avião da Germanwings que caiu nos Alpes da França em março de 2015

    Apesar da recaída, ele continuou o treinamento e conseguiu ser aprovado como copiloto em 2014. Lubitz descreveu aquele ano como "estressante", apesar de conseguir trabalho na Germanwings e se mudar com a namorada para um apartamento em Düsseldorf.

    Nos meses que antecederam a queda do avião, ele consultou 41 médicos diferentes, segundo informações dos promotores franceses. Apesar de muitos deles terem percebido graves problemas psiquiátricos, nenhum alertou a empresa aérea em que Lubitz trabalhava.

    Após começar a trabalhar na Germanwings, Lubitz foi afastado do trabalho por razões médicas em diversas ocasiões, inclusive no dia do acidente. Aparentemente, o copiloto teria decidido omitir esse fato dos seus superiores.

    Segundo as provas colhidas pelas autoridades francesas, o copiloto se trancou na cabine de comando e colocou o avião em uma descida acentuada sobre os Alpes franceses, matando todas as 149 pessoas que levava a bordo, entre passageiros e tripulantes.

    O acidente fez com que as autoridades alemãs tomassem medidas para reforçar a segurança das cabines de comando dos aviões e introduzissem testes aleatórios de consumo de drogas e álcool nos pilotos.

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