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    Visita de Obama pode ajudar direitos humanos em Cuba, afirma dissidente

    DA FRANCE PRESS

    10/03/2016 17h00

    Enrique de la Osa/Reuters
    REFILE ADDING NAME OF THE STADIUM Workers take part in the reparation of the Latinoamericano baseball stadium in Havana, Cuba, March 3, 2016. The Cuban national team is to play an exhibition baseball game against the Tampa Bay Rays on March 22 in Havana, raising the possibility that U.S. President Barack Obama could throw the ceremonial first pitch. REUTERS/Enrique de la Osa ORG XMIT: EOC05
    Trabalhadores em reforma de estádio de baseball em Havana, que terá jogo durante visita de Obama

    Barack Obama pode ajudar "muitíssimo" a melhorar a situação dos direitos humanos em Cuba se enviar, durante sua visita à ilha, uma mensagem de distensão política –disse à agência France Press o líder dissidente Manuel Cuesta, que se reuniu com o presidente americano em 2015.

    Obama estará em Cuba entre os dias 20 e 22 deste mês. "Acredito que uma mensagem de distensão enviada por Obama, de que os Estados Unidos nos acompanham e não são inimigos do povo cubano (...), vai ajudar muitíssimo no avanço dos direitos humanos", comentou o opositor de tendência moderada.

    A opinião de Cuesta se contrapõe a de outros dissidentes, como a líder das Damas de Branco, Berta Soler, que espera que na visita Obama apresente exigências firmes de mudança.

    Uma mensagem de distensão "ajudará a dissipar dúvidas e, ao mesmo tempo, a estimular os que de alguma maneira acreditam que Cuba deve evoluir para um âmbito de mais liberdades. Cuba, porém, têm em seu DNA o conflito histórico com os Estados Unidos como um obstáculo para que isso ocorra", afirmou Cuesta.

    Em um editorial, o jornal oficial "Granma" garantiu nesta quarta-feira (9) que Obama será bem-vindo a Cuba, mas que o governo comunista não fará concessões políticas.

    "Ninguém pode pretender que, para isso, tenhamos de renunciar a qualquer um desses princípios, ceder um milímetro em sua defesa", escreveu o "Granma". Cuesta considerou o editorial "um dever retórico, (porque) o governo sabe que tem de evoluir", mas "não pode aparecer pressionado pelos Estados Unidos".

    Ele descartou ainda que, durante o encontro entre Obama e Raúl Castro, vá-se anunciar alguma reforma importante em matéria de direitos humanos.

    Cuesta e a advogada opositora Lartiza Diversent se reuniram com Obama na Cúpula do Panamá, em 2015. Da conversa no evento, Manuel Cuesta se recorda que o presidente americano instou os dissidentes a terem "uma abordagem mais criativa sobre os direitos humanos, sobretudo, uma questão de linguagem política".

    Em entrevista coletiva em Miami nesta quarta-feira, a dissidente cubana Martha Beatriz Roque manifestou um otimismo contido sobre a viagem. Além de pedir a Obama que exalte a democracia e reconheça a oposição quando for à ilha, ela minimizou o impacto que a viagem poderá ter para o futuro do país. Segundo Martha, são os cubanos que devem definir seu próprio destino.

    Obama deve "falar de democracia, não de forma abstrata, mas das oportunidades que países democráticos como os EUA oferecem a seus habitantes", disse Martha, a única mulher do grupo de 75 opositores presos na chamada "Primavera Negra" de 2003 e libertados entre 2004 e 2011.

    De qualquer modo, acrescentou, "o fato de que se reconheça, em suas conversas e contatos, uma sociedade civil independente seria um apoio aos opositores".

    "Não há muito o que esperar desta viagem além de alguma nova concessão que se faça ao regime", antecipou Martha. "A mudança à qual todos aspiramos tem de vir, mas não virá porque os Estados Unidos vão fazer isso", frisou.

    "Mas, se o presidente do país mais poderoso do mundo tomou a decisão de visitar Cuba, não se deve reclamar. O importante é aproveitar o pequeno espaço que se possa ter", insistiu.

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