• Mundo

    Sunday, 05-May-2024 15:03:47 -03

    'A União Europeia abandonou a Macedônia', diz presidente do país

    JULIANO MACHADO
    DE BERLIM

    11/03/2016 07h59

    O presidente da Macedônia, Gjorge Ivanov, fez um duro ataque ao tratamento dado pela União Europeia a seu país na questão dos refugiados, em entrevista concedida ao tabloide alemão "Bild" publicada na edição desta sexta-feira (11).

    "Eu tinha entendido que nós também éramos Europa", afirmou Ivanov. Para ele, o bloco europeu "abandonou" os macedônios.

    Ivanov diz que o fechamento total da fronteira com a Grécia, anunciado na última quarta-feira (9), é uma forma de proteger a própria Europa de "um país europeu que, em vez de controlar o fluxo de refugiados, simplesmente nos encaminha adiante", numa referência aos gregos. "Nós não somos animais, que atiram em fugitivos de guerra."

    Dimitar Dilkoff - 5.mar.2016/AFP
    A man carries his baby as refugees wait near the border fence at the Greek-Macedonian border near the Greek village of Idomeni, on March 5, 2016, where thousands of refugees and migrants wait to cross the border into Macedonia. Some 13,000 refugees are crammed in unhygienic conditions on Greece's border with Macedonia, officials said on March 5, 2016, with all eyes on a key EU-Turkey summit on March 7 that is seen as the only viable solution to the crisis. / AFP / DIMITAR DILKOFF ORG XMIT: DIM029
    Migrantes no campo improvisado na cidade grega de Idomeni, na fronteira com a Macedônia

    O presidente afirma que, enquanto Atenas terá à disposição € 700 milhões (R$ 2,9 bilhões) para lidar com os refugiados, a Macedônia não recebeu "nenhum centavo".

    "Aqui não somos nada, não somos membros da UE, não fazemos parte do Espaço Schengen, não integramos a Otan. Ninguém nos quer", queixa-se Ivanov. A Macedônia é candidata a entrar no bloco europeu desde 2005.

    Localizada na península balcânica, a Macedônia é um país estratégico para a solução da crise de refugiados. Está no centro da rota mais comum dos que entram no continente pela Grécia em rumo à Europa Central. Cerca de 1 milhão de pessoas passaram pela chamada rota balcânica ao longo de 2015.

    Ivanov elogia a chanceler alemã, Angela Merkel, por sua "coragem" de ter feito um "gesto humanitário" aos refugiados no ano passado, quando se dispôs a acolhê-los. Mas ele diz que falta coragem agora para ver o que virá.

    Segundo ele, a UE demora seis meses para organizar uma cúpula, e, enquanto isso, "20 milhões de migrantes entre o Egito e o Sudão aguardam para entrar na Europa".

    Na última segunda-feira (7), uma reunião do bloco com a Turquia definiu que o governo turco levará de volta a seu território migrantes e refugiados que tenham cruzado o mar Egeu e chegado às ilhas gregas. Em troca, a cada sírio apanhado nessas operações, outro que já esteja acampado em solo turco terá de ser reassentado em algum país da UE.

    ONDE FICA A MACEDÔNIA

    Nessa reunião, a maioria dos países queria que o texto final mencionasse o fechamento da rota balcânica, mas Merkel conseguiu barrar a iniciativa, dizendo que era preciso mais tempo para tomar soluções conjuntas.

    Novo encontro da UE sobre refugiados será nos dias 17 e 18 deste mês. No entanto, além da Macedônia, a Sérvia, a Croácia e a Eslovênia já fecharam suas fronteiras para refugiados.

    A situação mais dramática ocorre justamente na fronteira da Macedônia com a Grécia. Do lado grego, cerca de 13 mil pessoas aguardam em condições precárias no campo de refugiados de Idomeni e em áreas vizinhas, na esperança de que a passagem seja reaberta —o que não está nos planos imediatos da Macedônia.

    [an error occurred while processing this directive]

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024