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    Donald Trump diz que barrar sua candidatura levaria a 'tumultos'

    THAIS BILENKY
    ENVIADA ESPECIAL A MIAMI

    16/03/2016 20h25

    Donald Trump lançou um alerta nesta quarta (16): se o Partido Republicano tentar matar sua candidatura na praia, haverá tumultos.

    "Se estivermos com 20 ou 100 votos a menos [da meta necessária para se eleger candidato], tivermos 1.100 votos e alguém tiver 500 ou 400, não acho que possam dizer que não seremos candidatos automaticamente, com essa diferença toda", declarou o líder da disputa pela candidatura republicana à TV CNN.

    "Acho que haveria tumultos. Eu represento muitos milhões de pessoas", afirmou. "Se você anular a voz dessas pessoas... coisas ruins
    acontecerão."

    Rhona Wise -15.mar.2016/AFP
    Pré-candidato republicano Donald Trump dá coletiva após vitória nas primárias da Flórida
    Pré-candidato republicano Donald Trump dá coletiva após vitória nas primárias da Flórida

    O empresário venceu 4 das 5 prévias republicanas disputadas na véspera —Flórida, Illinois, Carolina do Norte e, segundo projeção, Missouri. Perdeu só em Ohio, que preferiu escolher seu atual governador, John Kasich.

    Tirou da disputa o favorito da cúpula partidária, Marco Rubio, e já conquistou mais da metade dos 1.237 votos de delegados de que precisará na convenção partidária para se sagrar candidato, 673.

    Mas nem esses resultados lhe dão segurança para uma vitória que, no melhor cenário, viria em 7 de junho, data da última rodada de prévias, quando votam 5 dos 20 Estados que ainda não o fizeram.

    Se esse cenário não se confirmar, a convenção nacional do partido, em julho, recuperará instrumentos não usados há décadas para decidir quem lançará como candidato à Casa Branca.

    Prévia da Eleição nos EUA

    REGRAS FROUXAS

    O temor manifestado por Trump na entrevista à CNN é fundamentado. Os partidos podem mudar as regras antes de cada convenção, então, o protocolo para a deste ano está aberto.

    Analistas apontam como provável roteiro, se não houver candidato com maioria, uma convenção disputada: os delegados (representantes partidários dos Estados) farão uma segunda votação, sem precisar seguir as urnas, entre os pré-candidatos.

    Se nem assim houver vitorioso, e há possibilidade de isso ocorrer dada a rejeição a Trump e de seu principal rival, o senador ultraconservador Ted Cruz, a convenção se configura como "negociada".

    Nesse estágio, iniciam-se negociações e barganhas. Pré-candidatos que ainda estejam tentando a vaga podem desistir. Delegados podem trair as urnas. Ocorrem quantas votações necessárias até haver um vencedor.

    Tudo indica que do outro lado estará Hillary Clinton —a pré-candidata democrata venceu as mesmas cinco primárias na terça (o resultado em Missouri ainda não havia sido certificado) e chegou a 1.606 dos 2.382 delegados de que precisa, o que lhe permite selar a vitória em maio ou até mesmo no fim de abril.

    Se as ressalvas em relação a Trump já têm sido expressivas —e insuficientes para frear seu avanço—, até a convenção o escrutínio sobre o bilionário crescerá, sobretudo na imprensa.

    Além da guerra declarada pela cúpula republicana, Trump está em rota de colisão com meios de comunicação como o jornal "New York Times" e o site Politico, barrados em sua entrevista coletiva na terça, na Flórida.

    Em todos os seus comícios, ele aponta para as câmeras e chama os jornalistas de pessoas "inescrupulosas" e "nojentas". O objetivo, segundo analistas, é ganhar as machetes, para o bem ou para o mal.

    RUBIO

    A estratégia polarizadora funcionou para tirar Rubio da corrida, humilhando-o com uma derrota por quase 20 pontos em casa.

    Carlo Allegri -15.mar.2016/Reuters
    Senador pela Flórida, Marco Rubio, anuncia o fim de sua campanha durante comício em Miami
    Senador pela Flórida, Marco Rubio, anuncia o fim de sua campanha durante comício em Miami

    Além de concorrer em um ano marcado pela aversão ao "establishment", Rubio, que é senador, cometeu dois erros, segundo analistas.

    O primeiro foi não se associar a uma bandeira específica, não ter mensagem clara (Trump, por exemplo, dedica grande parte de seu tempo nos palanques falando de comércio internacional e empregos e sobre sua plataforma anti-imigrantes).

    O segundo foi ceder às provocações de Trump e atacá-lo em caráter pessoal.

    O ápice se deu quando Rubio insinuou, em um debate, que as mãos de Trump seriam pequenas, e isso indicaria o tamanho de seu pênis. Pediu desculpas, mas era tarde.

    Outro problema apontado eram seus gestos robóticos e seu discurso ensaiado.

    Ironicamente, ao anunciar a desistência, na noite de terça, fez um discurso que soou sincero e emocionado. Pediu respeito às urnas, exortou o partido à união e a pararem de alimentar polarizações. Mas não apoiou ninguém.

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