Com mulher e filhas a tiracolo, Barack Obama dará início neste final de semana à primeira visita de um presidente dos Estados Unidos a Cuba em quase 90 anos.

A viagem, que coroa a retomada de relações anunciada em dezembro de 2014, busca impulsionar projetos bilaterais entre os dois países.

A família Obama chegará à ilha na tarde de domingo (20) e deverá no mesmo dia fazer um tour pela região histórica da capital, Havana. Na catedral da cidade, o presidente americano será recebido pelo arcebispo Jaime Lucas Ortega y Alamino —religioso que, ao lado do papa Francisco, intermediou o diálogo entre autoridades americanas e cubanas visando a reconciliação diplomática.

	Yamil Lage/AFP
	Turistas caminham ao lado de cartaz com foto de Raúl Castro e Barack Obama, em Havana

As informações sobre a agenda do presidente Obama foram divulgadas pela Casa Branca.

Na segunda (21), Obama visitará o memorial de José Martí (1853-1895), herói da independência cubana, a quem prestará homenagem. De lá, seguirá para uma reunião com o ditador Raúl Castro, com quem debaterá projetos de cooperação bilateral e assuntos regionais, como o processo de paz entre o governo da Colômbia e guerrilheiros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).

Não está previsto nenhum encontro entre Obama e Fidel Castro, que governou a ilha até 2006, quando entregou o poder ao irmão Raúl.

Mais tarde, ainda na segunda, Obama participará de um evento com empreendedores e empresários cubanos e norte-americanos, voltado à cooperação comercial. Por fim, o presidente americano participará de um jantar no Palácio da Revolução.

No mesmo dia, a primeira-dama deverá se reunir com estudantes do ensino médio dentro da iniciativa "Let Girls Learn".

"DISCURSO HISTÓRICO"

Na terça-feira (22) de manhã, Obama deverá fazer um pronunciamento à população da ilha a partir do Gran Teatro Alicia Alonso.

O discurso, segundo seu assessor, Ben Rhodes, será um "momento muito importante da visita" e uma "oportunidade para Obama descrever o curso em que estamos, revisar a complicada história entre nossos países e falar da razão por trás dos passos que tomamos", assim como para "olhar para o futuro, projetar sua visão de como os Estados Unidos e Cuba podem trabalhar juntos".

"Vemos esse discurso como um momento único na história entre os dois países", disse Rhodes à imprensa. "Será a primeira visita de um presidente americano a Cuba em quase 90 anos, e certamente o primeiro discurso de um presidente americano em solo cubano em quase 90 anos."

Ainda segundo Rhodes, é provável que as autoridades cubanas transmitam o discurso de Obama pela TV, assim como fizeram em dezembro, quando houve um pronunciamento do presidente americano sobre a reaproximação entre os dois países.

	Anthony Behar/Xinhua
	Barack Obama e Raúl Castro se reúnem na sede da ONU, em Nova York, em setembro de 2015

Logo após o discurso, o presidente americano se encontrará com representantes da sociedade civil cubana, incluindo ativistas dos direitos humanos e dissidentes. Berta Soler, líder das Damas de Branco, disse na quinta (17) que havia sido chamada para o encontro. No entanto, a Casa Branca decidiu não divulgar a lista de pessoas que farão parte da reunião.

Depois, Obama deverá comparecer a um jogo de beisebol entre a equipe norte-americana Tampa Bay Rays e a seleção cubana. Como nos EUA, o esporte é popular em Cuba.

Por fim, na noite de terça, a família Obama dará por encerrada sua viagem a Cuba e viajará à Argentina.

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