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    Mesmo após acordo de 'devolução' de refugiados, milhares chegam à Grécia

    JULIANO MACHADO
    DE BERLIM

    21/03/2016 11h11

    O governo da Grécia informou nesta segunda-feira (21) que 1.662 pessoas desembarcaram nas ilhas de Lesbos e Chios, no mar Egeu, entre o domingo (20) e a manhã desta segunda (21), mesmo após a entrada em vigor do acordo entre União Europeia e Turquia que prevê o retorno para o território turco de todos aqueles que fizerem a travessia ilegal.

    Desde a 0h deste domingo (20), migrantes e refugiados pegos em botes vindos da Turquia passam a ser recolhidos em abrigos e serão reconduzidos para solo turco a partir de 4 de abril.

    Antes de voltarem, terão direito a entrevista pessoal para solicitar asilo na Grécia, mas só aqueles que puderem comprovar ser alvo de perseguição na Turquia poderão ficar em território grego.

    Com os números mais recentes, já são mais de 50 mil os migrantes e refugiados vivendo na Grécia. Cerca de 13 mil se concentram de forma precária no acampamento de Idomeni, na fronteira grega com a Macedônia, à espera de que a passagem seja reaberta em algum momento pelo governo macedônio —não há indicação disso a curto prazo.

    A chamada rota balcânica, por onde cruzaram cerca de 1 milhão de pessoas em 2015 rumo à Europa Central, está praticamente bloqueada em toda a sua extensão, após o fechamento de fronteiras na Macedônia, Sérvia, Croácia e Eslovênia.

    Durante o domingo (20) e a manhã desta segunda (21) centenas de refugiados vindos das ilhas gregas desembarcaram na cidade portuária de Kavala, onde serão colocados em abrigos.

    REAÇÕES

    O início conturbado do acordo UE-Turquia já gerou críticas. Aurélie Ponthieu, especialista em migração da organização Médicos Sem Fronteiras, disse que o "único objetivo é impedir que essas pessoas cheguem à Europa". "Os direitos delas, como elas vão ficar, isso tem um papel secundário [no acordo]", afirmou.

    O porta-voz do Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur), William Spindler, diz que é "lógico" supor que refugiados procurem novas rotas para a Europa, mas "no momento ninguém sabe onde elas surgirão". Segundo ele, é preciso esperar ao menos dois meses para se ter uma dimensão desse novo cenário.

    Em Atenas, o comissário de Migração da UE, Dimitris Avramopoulos, afirmou que a "a situação vai melhorar tão logo o acordo comece a funcionar totalmente". Ele falou ao lado do premiê grego, Alexis Tsipras, "Nós temos um caminho difícil à frente. A implementação do acordo não será algo simples", disse Tsipras.

    Na Alemanha, principal fiadora do pacto com Ancara, a posição do governo foi de pedir paciência. De acordo com o porta-voz Steffen Seibert, serão necessários "alguns dias" até que agentes de segurança, intérpretes e especialistas em asilo enviados da Alemanha possam ajudar seus colegas gregos na tarefa de fazer valer o acordo.

    A UE estima que a Grécia precise de um reforço de 400 intérpretes, 400 especialistas no processo de asilo e cerca de 1.500 policiais. Esta ajuda deve vir dos países-membros do bloco.

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