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    Bélgica identifica mais um suspeito de participar dos atentados em Paris

    JULIANO MACHADO
    DE BERLIM

    21/03/2016 13h03 - Atualizado às 15h21

    Associated Press
    In this image provided by the Belgian Federal Police on Monday, March 21, 2016, a man who used fake identity documents bearing the name Soufiane Kayal, and who is being sought by the Belgian police as part of the investigation into the November 13th Paris attacks. Belgian prosecutors identified on March 21, 2016 a new accomplice in last year's deadly Paris attacks as 24-year-old Najim Laachraoui, until now known by his false name of Soufiane Kayal. (Belgian Federal Police via AP) ORG XMIT: VLM101
    Imagem divulgada pela polícia belga mostra retrato de homem que usou o nome falso Soufiane Kayal

    A procuradoria da Bélgica identificou nesta segunda-feira (21) mais um suspeito de participação na série de atentados em Paris em novembro do ano passado: Najim Laachraoui, 24, cuja nacionalidade não foi divulgada, seria cúmplice de Salah Abdeslam, 26, preso em Bruxelas na última sexta-feira (18) e até então o único entre os envolvidos diretamente nos ataques que não havia sido morto pela polícia ou se suicidado nos ataques que deixaram 130 mortos.

    Laachraoui esteve junto com Abdeslam em setembro de 2015, em Budapeste. Nessa ocasião, segundo investigadores, Abdeslam tentava recrutar, entre milhares de refugiados que chegavam à estação de trem da capital húngara, pessoas para cometer atentados.

    Os dois voltaram de carro para Bruxelas. O Mercedes em que estavam chegou a ser parado na fronteira da Hungria com a Áustria, mas a polícia os liberou. No mesmo carro viajava Mohammed Belkaid, morto na última terça (15) após uma operação em Bruxelas que acabou levando, três dias depois, à prisão de Abdeslam.

    De acordo com o promotor belga Frédéric Van Leew, Laachraoui viajou para a Síria em fevereiro de 2013, usando o nome Soufiane Kayal. Anteriormente, investigadores já haviam dito que um homem usando esse nome tinha feito ligações para Abdelhamid Abaaoud, considerado o coordenador da série de ataques no dia em que a ação foi posta em prática.

    Soufiane Kayal também aparece como o homem que alugou uma casa em Auvellais, no sul da Bélgica, usada pelos terroristas como uma das bases para os atentados, reivindicados pelo Estado Islâmico. Van Leew afirmou já possuir "um certo número de peças e algumas estão em seu lugar, mas estamos longe de completar o quebra-cabeças".

    ABDESLAM

    O ministro das Relações Exteriores da Bélgica, Didier Reynders, disse no sábado (19) que Salah Abdeslam poderia estar planejando mais operações devido à descoberta de armas no distrito de Forest, em Bruxelas, além de uma rede de colaboradores. Jambon, por sua vez, disse que não poderia confirmar a informação.

    "Após 18 meses lidando com o terrorismo, aprendi que, quando terroristas e armas estão no mesmo espaço, e foi o que vimos em Forest, estamos próximos a um ataque. Não estou dizendo que é uma evidência. Mas sim, eram indicações", afirmou.

    O promotor francês François Molins, que falou à imprensa ao lado do colega belga Van Leew, disse que o processo de extradição de Abdeslam para a França deve levar cerca de três meses. Em uma cela isolada de uma penitenciária de segurança máxima em Bruges, Abdeslam deve comparecer a uma audiência com um juiz na quarta-feira (23), quando se deve decidir pela sua permanência na prisão.

    O papel de Abdeslam na ação terrorista foi logístico: ele dirigiu o carro que levou três terroristas até a entrada do Stade de France, onde eles se explodiram enquanto jogavam as seleções da França e Alemanha.

    No sábado (19), Molins havia dito em Paris que Abdeslam admitiu a investigadores belgas que queria ter se explodido junto aos outros terroristas; ele, porém, desistiu da ação, e o motivo ainda é desconhecido.

    O advogado de Abdeslam, Sven Mary, disse que poderia processar Molins por ter feito comentários públicos sobre o caso, o que seria uma violação de confidencialidade jurídica. Mary afirmou ainda que Abdeslam está cooperando com os investigadores. "Acho que Salah Abdeslam é de grande importância para esta investigação. Eu diria que ele 'vale peso de ouro'", disse Mary para a rede pública belga RTBF.

    ENCONTRO COM AS VÍTIMAS

    Nesta segunda, o presidente francês François Hollande e o ministro da justiça Jean-Jacques Urvoas se encontraram com representantes das famílias das vítimas dos ataques de Paris. A reunião de uma hora e meia aconteceu no Palácio do Elysée.

    "Irá levar uma semana ou duas, ou três meses, mas ele virá aqui e nós poderemos questioná-lo [sobre os crimes que cometeu]", disse Jean Reinhart, advogado de uma das vítimas dos atentados na casa de shows Bataclan.

    "E isso será extraordinário, pois haverá um julgamento, com um banco dos réus e alguém [Abdeslam] estará sentado nele", ele completou.

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